Saturday, August 08, 2020

Parecido Com Uma Carta

 É-me muito fácil esquecer as coisas boas ou as felicidades em detrimento do que há a melhorar e do problemas que precisam de ser resolvidos; esforço por ser o gajo que pára para cheirar as flores mas a minha natureza é de seguir em frente e não lhes ligar muito.

Há sempre um livro para acabar, por exemplo. Não tanto para ler mas para acabar. Tudo é missão. E ainda que haja claras vantagens em encarar tudo como um trabalho a ser concluído há também desvantagens...e uma delas é não apreciar o caminho porque só vejo meta.

Tudo isto, até aqui e daqui prá frente, por causa dEla.


Ela faz, por mim, algo de admirável e muitíssimo raro: aceita-me como sou.

Não é que não tente ajudar-me a ser uma pessoa melhor; não é que não saiba quais os meus defeitos (e não sofra com eles); não é que não perceba o que me torna insuportável para muitas e variadas pessoas; não é que não entenda que a vida seria mais fácil se algumas das minhas características fossem amansadas...

...mas aceita-me e nunca me tentou mudar.

Na verdade, esforço-me muito mais por ME mudar (mesmo que sem sucesso) do que Ela em mudar-me. 

Pá...tu és assim. Não vale a pena sofreres com isso. Se fores diferente também és outra pessoa e não me apaixonei por outra pessoa (parafraseado).

 

Deve ser Amor.

Eu sinto-me Amado.

 

...fico, de vez em quando, com peso na consciência por não poder fazer mais do que o que faço.

...e esforço-me muito por aceitá-la como Ela me aceita a mim mas, por ser como sou e não como devia ser, não consigo.

Encaro-a como me encaro a mim: um trabalho em desenvolvimento. Mas, ao contrário dela, também o melhoramento - ou o que eu acho ser um melhoramento - da outra pessoa é uma missão; e como em quase tudo o resto...a bem ou a mal.

 

Percebem o que torna tão raro aceitarem-me?

Bem, se forem tão honestos como eu estou a tentar ser, sabem tão bem como eu que apesar de se ler e ouvir dizer que se aceitam ou outros como são e merdas do tipo, isso não é verdade. Somos demasiados egoistas para aceitar os outros como são. 

Queremos sempre que sejam o que são mas apenas na medida em que não cheteia. E isso não é aceitar.

Ela aceita-me. Mesmo quando chateia. E isso é muito raro.

 

É uma coisa demasiado ternurenta para não me sentir um bicha quando penso nisso.

 

Ela acceita-me como sou.

Eu tenho muita sorte.

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