Tuesday, June 05, 2007


Transporto comigo um peso imenso.
Muitos dos kilos que me pesam nos ossos nem sequer são meus, sei-o bem e sabem-no por mim.
Um dia destes disseram-me isso, que eu não posso ser responsável por tudo que me rodeia e não tenho de me sentir na obrigação de dar as costas sempre.
É daquelas verdades que não me ajuda, não me ajuda porque a conheço, não é uma revelação.
É daquelas verdades que não mudam nada, não mudam porque nada posso ou nada consigo fazer.
Sei perfeitamente onde a minha responsabilidade começa e acaba,
sei perfeitamente que não posso e não consigo retirar a dor dos outros e absorvê-la para mim.
Apesar disso, não consigo evitar sentir que faço o que tenho a fazer, não consigo evitar sentir que ainda que não resolva o problema tenho de lá estar.
Não sinto como virtude isso de ser o céu e o mar das pessoas que me são queridas, não sinto orgulho em ser a trave mestra de quem mora dentro de mim, não me acho especial por ter tanta resistência, não encaro como um favor pelo qual devem ser gratos... eu sou assim, não é vontade nem, sequer, necessidade.
Eu sou assim porque não sei ser de outra maneira.
É a minha finitude...
Não é coragem, é a incapacidade de ser diferente...
Se o maior dos idiotas é aquele que não evolui com a idade, que não aprende com a experiência, eu mereço, claramente, um altar.
Se existisse uma coisa chamada Idioticismo eu seria canonizado em vida.
Sinto a pele a rasgar,
sinto a tolerância a esvair-se,
sinto a inteligência desaparecer,
sinto a serenidade em chamas,
sinto que não deverei ser capaz de suportar muito mais sem os ossos se partirem... mas até que, de facto, partam, eu estarei aqui.
Deve de ser um caminho sem volta... na verdade já não sei para que lado fica o Sul nem o Norte.

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