Este fim de semana que passou chamaram-me selvagem, ou melhor, foi-me dito que, de vez em quando, sou selvagem.
Não tenho como discordar, é verdade.
Na verdade, não me incomoda ser como sou.
Assumo que, em dados momentos, deveria ter uma sensibilidade que não tenho e, em outros, uma calma que me escapa.
Vistas as coisas em geral, não vejo motivo para mudar (partindo do principio que conseguiria, se quisesse).
É muito comum desejar-se que o bom se mantenha e o mau se retire, sou assim também.
É natural que se queira, por exemplo, que eu seja menos brusco e mais dócil, como é natural que se queira, também, que eu continue a ser o lobo que protege a alcateia e que faça uma fêmea sentir-se desejada porque a devoro com os olhos.
Infelizmente, parece-me que andam as duas características de mãos dadas.
Não me parece que consiga, ou sequer seja possível, ser um tubarão de dia e um golden retriver de noite.
Não me parece conciliável uma postura de ataque e desejo intenso de noite e uma outra de complacência e calmia de dia.
A vida não é justa e é muito comum uma virtude ser acompanhada de um defeito.
Acredito, aliás, que quanto maior é a virtude maior será o defeito, sendo a inversa verdadeira também.
A queixa não é de hoje e não é a primeira boca que ma diz, é coisa tão antiga como a pancada que me deram no rabo para chorar quando nasci.
O sangue aquece e arrefece, no entanto, nunca fica frio.
A pele de cordeiro fica-me justa demais...
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