Monday, May 21, 2007

Ontem


A eternização do passado e de como em tempos idos fui forte e bonito e famoso e admirado e inovador e sei lá mais o quê, é uma âncora.
Certo dia, comecei a contabilizar o que já fiz.
Verdade seja dita, felizmente, o meu passado tem bem mais de vitória do que de derrotas ou empates.
Tive momentos de glória (desportiva, literária, escolar, mulheres, noites, viagens....) mas lembro-me pouco delas...
Raramente são um tema que aborde numa reunião em torno de uma mesa com cervejas em cima, excepção feita nos casos em que estão comigo aqueles com quem compartilhei aqueles momentos luminosos.
Poderia ocultar essas metas conquistadas por humildade.... no entanto não sou humilde.
Podeira esconder esses momentos para não sobressair na multidão... no entanto não tenho prazer em ser anónimo nem em sobressair.
A verdade, ao que me parece, é que me desagrada a ideia de achar que alguma coisa foi atingida.
Não quero acabar ou evoluir para o gajo que se sente satisfeito porque fez uma qualquer merda que mereceu uma atenção especial e isso preencherá a sua vida.
Não quero ser velho e sentir-me bem com o que fiz enquanto jovem, quero ser o velho que ser saber o que fazer com a velhice... porque há SEMPRE alguma coisa a fazer.
Acredito que todos devemos ter orgulho no caminho trilhado, no entanto, prefiro não o ter, ou não pensar nisso, se sentir que de alguma forma isso retirará elasticidade aos meus músculos.
Portugal já não é o país dos descobrimentos mas é sempre o que se diz quando é preciso dar lustro à alma lusitana.
O FC Porto já não é campeão europeu nem vencedor da taça uefa.
O Adeus revisitado faz esquecer o Até Amanhã.
Não tenho medo de que os meus melhores dias tenham passado, tenho medo é de acreditar que isso é verdade.

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