Friday, November 09, 2007

Distâncias


Tenho uma imagem de mim de um corredor de 100 metros.
Acho-me óptimo na curta distância, em sprint, e péssimo em provas longas.
Não sou adepto de grandes estratégias nem de conservar energias, sou de entrar a matar, rápido, letal e de forma limpa, sem dar margem para pensar.
Quando me pedem para me manter muito tempo em movimento, perco o incentivo e começo a ficar maçado, normalmente desisto.
Durante 21 anos da minha vida, andei em constantes corridas de pequena distância, relacionamentos relâmpago que duravam, no máximo, um par de semanas.
Nunca achei grande graça em enganar pessoas, acho asqueroso, na verdade, então optava por entrar, empenhar-me enquanto conseguia e depois sair.
Quando pensei que tinha concretizado tudo aquilo que tinha vontade entrei num relacionamento.
A coisa correu bem mas não foi uma maratona, foi uma coisa do tipo corrida dos 10.000 metros, um meio fundo.
Depois disso, os meus relacionamentos passaram para os 1.500 metros.
Não tenho, não consigo, não me deixam ou qualquer outra merda, manter-me quieto e sentir-me preso.
Ora, entramos na fase óptimo amante e péssimo companheiro.
Na parte carnal sou bom (ou esforçado), segundo alguns relatos, sou surpreendentemente carnal.
Gosto muito de carne, há-se ser isso.
Quero agora e quero já, e isso é, pelo que tenho visto (ou do que me têm mentido), é uma característica agradável quando a coisa se encontra com o tesão.
Dos olhos de todas as mulheres que por mim passaram (infelizmente bem menos do que as queria), menos 2, via-lhes nos olhos que gostavam de mim mas que não me viam como pai dos filhos delas, conclusão a que chegavam com uma enorme colaboração da minha parte.
É engraçada esta coisa do que se mostra, do que se quer e do que se é.
Eu, quero ter uma família, ser fiel, ter a casa e o cão e essa bregeirisse toda.
Eu, mesmo inconscientemente, mostro que não podem ter nada disso comigo, que estou de passagem e que apanharei o próximo comboio... o que, para mim é mentira.
Ora, o que transmito como mentira talvez seja a verdade e, então, não deve haver comprimido que me salve.
O Elevador que desce espera-me.

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