Wednesday, December 12, 2007

Hoje perguntaram-me se acreditava na durabilidade de relacionamentos tempestuosos.
Não é uma pergunta fácil mas é bastante pertinente...

A resposta que dei, e mantenho, é que acredito na hipótese de sobrevivência de um relacionamento acidentado mas não num relacionamento estilhaçado.
São, para mim, coisas diferente.

O relacionamento acidentado é aquele parecido com uma montanha russa... sem que seja sempre emocionante.
É uma vivência com choques, são duas pessoas que discutem, um casal que não concorda com a frequência desejada, dois corpos que se chocam.
Agora, muitas vezes chocam por estarem assim tão juntos.

O relacionamento estilhaçado não vive de falta de concordância mas antes de interregnos.
Termina-se e volta-se.
São duas pessoas que não conseguem ficar longe mas juntas também não, dois corpos que seguem estradas diferentes para, mais à frente, se reunirem, um casal que vai fazendo mal à vez de cada um para compensar o mal do outro.

Apesar das semelhanças e de, correctamente, se poder dizer que o acidentado leva ao estilhaçado, não os vejo como dois nomes para a mesma coisa.
O estilhaçado gosta o suficiente para que a ferida não se torne em gangrena, pensa o suficiente para evitar que a necessidade de estar só não se confunda com a vontade de estar sem aquela pessoa, sente que o caminho é aquele apesar de não estar devidamente alcatroado.

Outra coisa que me faz acreditar no sucesso do acidentado é o facto de este ser construído, antes de mais, no sangue que corre nas veias.
Muitas vezes, o quanto se gosta não vem na flor que se dá mas no espinho que se sente.
A irritação que nasce do telefonema que termina sem o "estou sempre a pensar em ti" não será necessariamente egoismo ou inseguranças mas necessidade que aquela gota lhe mate a sede.

Naturalmente, acredito neste tipo de relacionamento porque não me imagino a ter outro... mas isso são contas de outro rosário.

Há uma ideia instituída de que a montanha é óptima para desanuviar mas, para viver, bom mesmo é a planície.
Agora, aqui que ninguém nos ouve, não cansa ver verde até onde a vista alcança... todos os dias?

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