Monday, December 10, 2007

Paixão e Vida

Hoje estava a falar com uma amiga que me dizia que alimentava a paixão, que potenciava o sentimento quando o via a padecer e que, além disso, entendia que partilhar o objecto da paixão era mais que natural... era muito bom.

Não fiquei estupefacto, aceito muito bem as diferenças e acho, até, vantajoso.
Quem não se importa, por exemplo, de me partilhar nunca terá problemas. Não tenho qualquer problema em ser usado por mais de uma mulher e menos problema tenho em que espalhem a notícia de que eu valho a pena.

Mas... para mim...

Paixão para mim não é só vida, é tudo.
Não consigo imaginar-me sem defender o que quero até que me sangrem os dedos.
É compulsivo, dramático, obcessivo, pleno, ofegante, martirizante, doloroso, persecutório, é pele e sangue e ossos e olhos esbugalhados.
Se assim é, e é mesmo, não tenho capacidade de o partilhar.
Se assim é, e é mesmo, ainda que a quisesse partilhar, não restaria uma única migalha na mesa.

Já muito se escreveu sobre paixão e amor, já muito de lírico foi dito, já muitas metáforas foram plasmadas pelas páginas do mundo.
O romantismo da minha paixão é a incapacidade de a pintar de rosa claro e de a embrulhar em seda de primeira qualidade.
O romantismo da minha paixão é que é única.
O romantismo da minha paixão é que engole e é engolida.

A minha paixão não é enleante, ela é brusca, não é o gato que te hipnotiza, é o lobo que te devora.
A minha paixão não chega com pês de lã, os seus sapatos são de chumbo, a sua aproximação é ensurdecedora mas a inevitabilidade é absoluta.

Não te quero o coração, quero a pele.
Não te quero embevecida, quero-te de pernas trémulas.
Não te quero entregue, quero-te rendida.

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