Tuesday, March 15, 2011

UNIVERSALIDADES

Cada vez que vemos noticiários ou lemos jornais somos bombardeados com certezas. Concordo que é muito difícil, ou virtualmente impossível, que quando tomamos uma posição não estejamos convictos de estar certos caso contrário não o fariamos...contudo, o mínimo que se pode pedir a alguém, especialmente quando esse alguém tem uma plataforma que torna generalizada a sua opinição (não no sentido de convencer mas no de que muitos tomarão conhecimento dela), é que tenha o mínimo de formação e informação histórica.

O exemplo mais recente e flagrante prende-se com o médio-oriente e magrebe (sim, um dos meus assuntos favoritos).
A ideia norte americana, que, em grande medida, é também ocidental, de que se pode exportar a democracia, novamente, ocidental é, em si, mais do que desfazada da realidade, portadora de uma soberba que em nada se adequa ao suposto espírito missionário que a apoia.

Repare-se, historicamente, que o movimento democrático demorou séculos a instalar-se e, em nenhum país, tal aconteceu sem um enorme derramamento de sangue. Como é possível que se pretenda implantá-la em meses? Não é possível e o dia-a-dia mostra-nos isso.
Repare-se, ainda, que não é possível impor a um povo o que ele não quer. Disso há um sem número de exemplos mas, sem sair da problemática, temos o Afganistão como exemplo acabado. Quantas vezes foram invadidos e quantas vezes tal foi bem sucedido? Nenhuna e o dia-a-dia mostra-nos isso.
Pior dos piores é ainda a ligação, parva e desconcertante, de que a democracia vai acabar com o derramamento de sangue e que, no caso iraquiano em concreto, facilitar o acesso a matérias primas sem um ditador a controlá-las. Pois, deixem a democracia chegar ao Iraque e vamos ver o que a democracia dominada por xiitas em clara em óbia maioria vai fazer pelos sunitas e pelos curdos. Menos sangue? Nem menos nem de outra cor. Quanto às matérias primas (petróleo, neste caso) há que ter em conta que nunca a produção de petróleo no Iraque foi tão baixa, nem mesmo quando o não podiam vender.

O Universalismo não é uma realidade e nunca o será. É de tão impossível alcance como fazer com que toda a humanidade goste de morangos e despreze as laranjas.
Nós não somos nem temos de ser iguais. Nós não queremos ser iguais. Nós, enquanto povo soberano de um qualquer estado, tribo ou qualquer organização que seja, queremos ser respeitados e, no máximo, ajudados. Nós não queremos ser propriedade de quem quer que seja, independentemente da capa usada, tanto de salvador como de tirano.

Acredito, piamente, que todos querem a paz mas apesar do conceito poder ser entendido como universal nem ele o é. A paz tem custos, assim como a guerra, e a definição dela depende de como forem avaliados os seus custos.
Sim, todos queremos a paz mas a paz não é igual para todos.

2 Comments:

Blogger Rafaelle Benevides said...

não acredito que conheces fortaleza!!!! lol

vamos trocar figurinhas sobre isto.

6:02 AM  
Blogger Rafaelle Benevides said...

comentando agora tua postagem. gostei bastante, gosto da forma como te colocas e concordo contigo, nem mesmo a paz é um conceito universal. talvez a imposição da paz, o que já é contraditório, seja uma intolerancia entre os povos, bem como foi a imposição da civilização.

6:05 AM  

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