Compreender é diferente de Perdoar
A polarização tem este efeito secundário, um de muitos, desagradável. No momento em que tentamos o contexto e a compreensão do porquê somos, muito frequentemente, acusados de apoiar/gostar/perdoar aquilo que tentamos entender.
Esta forma de entender o mundo como monocromático é eira de gente ou ignorante ou maldosa. Ignorante porque não quer saber ou Maldosa porque, apesar de saber ou ter interesse nisso, entende a diversidade como um ataque ao que possui ou pretende possuir, as mais das vezes influência que se pode transformar em dinheiro.
Eu, por exemplo, tenho limitações que conheço, coisas erradas que continuo a fazer apesar de serem erradas. Não consigo evitar e pior que não conseguir evitar é o facto de saber, à partida, que a estrada não é aquela.
O facto de me compreender não é, manifestamente, suficiente e, neste caso em concreto, talvez fosse bem mais proveitoso que não soubesse ou que não quisesse saber, mas isso é impossível. Seria mais proveitoso porque evitava reconhecer o ciclo e, com isso, na minha ignorância, teria menos uma palete de cores com que me preocupar.
É engraçado... com o passar do tempo e com a experiência que vou adquirindo vou acrescentando motivos que explicam alcoolismos e outro tipo de vícios análogos.
Um deles, que descobri há mais tempo, é o excesso de coisas para fazer; a noção que o tempo não chega e que somos esmagados por ele parece-me, apenas teoricamente, suficiente para que o pessoal que necessita, por exemplo, de operar horas e horas seguidas ou acompanhar mercados intercontinentais precise de um impulso químico.
Outro, mais recente, é o reconhecimento de falhas e características muito prejudiciais que, apesar de conhecidas são impossíveis, por incapacidade do próprio, de ultrapassar; e este sentimento de impotência pode levar a que se pretenda atenuar uma consciência demasiado activa para o próprio bem.
Felizmente, nesta busca por compreender ou ultrapassar há uma lição que aprendi há muito: não tenho capacidade para controlar um determinado número de coisas, não consigo fazer um bocado de coisa alguma.
É um bocado como trair a pessoa amada. Não me chega gostar ou ter respeito pela pessoa para manter o Golias nas calças. Neste caso, não há que enfrentar o medo, há que fugir dele.
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