Wednesday, March 27, 2013

Há uns tempos tive uma discussão com umas amigas relativamente ao conceito de interesseiras. Aquelas gajas que andam com aqueles gajos por outros motivos que não gostarem deles ou gostarem o suficiente deles para que a envolvência económica seja irrelevante.
As minhas amigas caíram-lhes em cima e eu também, porque me parece de baixo nível, mas, ao contrário delas, não consigo ser absoluto quanto ao que uma interesseira é.
Existe um elemento psicológico muito importante que as minhas amigas preferiram ignorar e que, para mim, faz toda a diferença.
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Para enquadrar o porquê desta minha ideia tenho de recuar um bocado na minha vida:
Há anos atrás julgava estar apaixonado mas, vim depois a saber, de facto não estava. O que aconteceu, com esta mulher em particular, é que ela estava muito apaixonada por mim e no meio de toda a paixão demonstrada eu entrei no comboio involuntariamente e, sem na altura me aperceber, apaixonei-me por ela estar apaixonada.
Esta confusão que me apanhou (e apanhou mesmo! Na altura juraria que estava apaixonado!) não faz de mim especial mas normal, acredito que tenha acontecido e ainda aconteça a muito boa gente.
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E voltamos ao aspecto psicológico...
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Tendo em conta o que me aconteceu, em termos meramente sentimentais, diga-se, parece-me absolutamente possível que uma mulher seja conquistada por bens materiais sem que sejam os bens materiais que, efectivamente, lhe interessam.
No nosso mundo, o quanto se gosta está muito ligado ao quanto se gasta, é um sub-produto da sociedade de consumo.
Ora, numa orgia de restaurantes estrelas michellin, jóias, carros, versace´s e afins, acredito que tudo isto seja confundido com sentimento e um sentimento tanto mais forte quanto mais euros se gastam com ele.
Assim, como me aconteceu a mim num plano mais etéreo mas ainda assim semelhante, uma mulher pode apaixonar-se por se apaixonarem por ela e esse apaixonarem-se por ela pode, com uma enorme facilidade e muitas vezes realmente, ser da cor de um Black American Express.
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Para mim, as verdadeiras interesseiras têm, à partida no seu íntimo, o resultado final do que querem obter enquanto uma aparente interesseira pode apenas ver-se enredada numa trama para a qual não contribuiu mas, independentemente disso, está lá.

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