Estou a ler mais um livro da Hanna Arendt.
Irrita-me não ler mais livros dela com mais rapidez mas sinto que quando o faço (tentei uma vez ler dois seguidos) deixo esvair metade do que deles posso aproveitar porque é demasiado cansativo intelectualmente (e por vezes emocionalmente também).
Não, não vou falar da Hanna, ainda que, por descargo de consciência, é das poucas pessoas que me fazem pensar que gostava de passar, ou, no caso, ter passado, algum tempo à conversa.
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Hanna Arendt, como alguns outros autores, fazem-me pensar na educação e na sua importância. Não me refiro a um curso ou a uma carreira em específico nem, na verdade, a cultura académica; refiro-me a conhecimento e, muito dele, conseguimos prover por nós próprios sem sermos coadjuvados por professores ou mestre, o pai da educação será o interesse.
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A educação permite-nos acima de tudo tocar o pensamento abstracto, a conjectura, a confabulação de cenários, a antecipação de problemas e, entre outras coisas, a própria empatia. A capacidade de nos colocarmos na pele de outrém é tão mais eficaz e possível quando podemos pensar abstractamente por, em concreto, não podemos imitar os sentimentos de quem se senta à nossa frente.
É importante, é muito importante o exercício de pensar, independentemente da capacidade de uma aplicação prática imediata. Sairmos de nós só é possível intelecualmente e de nenhuma outra forma.
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No mundo que nos rodeia hoje, de consumismo e capitalismo podemos perguntar-nos se não há coisas mais importantes que isto e a resposta é inequivocamente SIM, é mais importante comer e beber mas muito pouco mais.
A ignorância é a mãe das ditaduras (que não dos ditadores) e das manipulações (que não dos manipuladores), estaremos muito mais preparados para o dia-a-dia se entendermos o que não se restringe aos nossos sentidos e à nossa pele.
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Às vezes um gajo sente-se sozinho nisto mas o pensamento abstracto pode tornar-se, com muita facilidade, em solipsismo.
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