Wednesday, April 03, 2013

Estava um dia destes a ver uma série em que uma personagem diz a outra que não queria ser como tu ao que esta segunda responde que ninguém quer.
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Há uns anos atrás um amigo meu casou-se e, como no caso dele era absolutamente natural, queria ter um filho. A mulher dele esperava que o filho saísse ao pai, o que era mais que legítimo porque estava (como ainda está) apaixonada por ele e esse foi, seguramente, um dos motivos que a levou a querer casar-se.
Eu, pelo contrário, que o conheço muito bem e que vejo algumas coisas dele em mim, apesar de não sermos particularmente parecidos, esperava que o filho não saísse exactamente ao pai; não porque não apreciasse as suas qualidade, e, a caminho, as minhas, mas porque essas qualidade são óptimas para fora e menos que óptimas para dentro.
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Este é um assunto antigo com o qual me debato, ou melhor, em que penso porque não tenho muitas dúvias quanto ao mesmo.
As qualidades são aferidas como tal externamente. Quero com isto dizer que o Justo é-o porque o é para com os outros, o Honesto é-o porque o é para com os outros, o Bondoso é-o porque o é para com os outros e...bem, estão a perceber.
Não há lugar para egoísmos quando pensamos em qualidades mas, caso estas qualidades fossem apontadas para o tido como seu possuidor, o egoísmo seria, efectivamente, uma qualidade.
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Deve ser uma coisa judaico- cristã, suponho, uma coisa na esteira do herói e da glorificação de oferecer a própria vida em prol de qualquer coisa que não aproveita a quem bateu as botas.
É uma cena de controlo da turba, eu acho.
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Repare-se, por exemplo, que ao contrário do que vulgarmente se pensa a primeira classe a debandar para a barbárie é a chamada elite.
Porquê?
A resposta exacta não a sei mas suponho que as virtudes, para eles, sejam vistas do avesso e com do avesso quero, talvez, dizer, do lado certo.

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