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SER E PARECER
Aparentemente, nunca fico nervoso (nervoso no sentido de indeciso e assustado, do outro, que faz partir para cima, fico muitas vezes) o que muito me agrada.
Agrada-me porque para o que se passa mesmo fora de nós, para o que nos diz pouco ou nada, para o que não está perto da pele, ser e parecer é a mesma coisa; se parece, é; se não parece, não é.
Sim, também fico nervoso.
Sim, também tenho dúvidas.
Sim, também patino.
Felizmente, estas coisas duram-me pouco e por isso quase parecem não acontecer mas eu sei que acontecem e quem está suficientemente perto sabe também.
A minha forma de lidar com este tipo de sentimentos, contudo, é muito pouco agradável. Se durarem mais do que aquilo que entendo como justo sinto a necessidade de queimar tudo que os provoca e, assim, matá-los, o que se liga ao...
PORQUE CORREM MAL AS COISAS COMIGO
Não é nada que deseje, embora às vezes possa parecer.
O Jarabe de Palo canta (perdoem-me a eventual bastardizar das palavras para o português) se saio a correr, agarra-me o braço e se não te ouvir, GRITA! e a coisa é mais ou menos assim mas às vezes é precisa uma força que a pessoa não tem.
A injustiça disto, e o motivo pelo qual me leva a pensar que em última análise a culpa foi sempre minha, é que a outra pessoa não tem de se sujeitar a isto e, às vezes, não se consegue sujeitar a isto.
Não é justo que a mesma pessoa, que sinta o mesmo, que tenha a mesma intenção, que seja a mesma que era segundos antes tenha, comigo, um resultado muito diferente só por causa do tom que usa.
Não é justo que a forma que nada altera o conteúdo faça o Inferno subir das profundezas para se sentar à mesa...
...e as pessoas não são obrigadas a ter de ter cuidados muito mais que redobrados para não atingir o botão da insanidade que tenho na cabeça.
A injustiça disto é, também, que não deviam ter de se sujeitar a entender que há momentos em que têm de me convencer - com força - que não me devo ir embora; que devo ultrapassar a minha natureza de escapista; que não devo sentir-me enclausurado quando quero estar; que devo aceitar que não há problema em ter alguém que me vai causar problemas que não quero, de vez em quando; que não devo sentir o sopro da vida esvair-se dos meus poros porque a realidade não se ajusta ao que dela quero.
Poderia dizer que a culpa não é minha.
Poderia dizer que tudo que escrevi deveria ser ultrapassável e, aparentemente, para quem as não vive, até parece relativamente vulgar e até concordo. O problema, aqui, como acontece vezes e vezes sem conta naquilo que me diz respeito, não é de originalidade. Não sou SÓ eu que sinto estas coisas, Não sou SÓ eu que tenho estes problemas. Não sou SÓ eu que passo por isto.
O problema não é ser especial e diferente de todos vocês e de todos os outros.
O problema não é de essência.
O problema é de medida.
ps. durou muito mais do que é comum em dias como este mas a minha cabeça está longe e preciso manter-me ocupado, de qualquer maneira.
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