Saturday, April 18, 2015

A VIVER NO SÉCULO PASSADO

Sempre que ouço pessoal na televisão a dizer que estamos de joelhos na Europa e que deveríamos fazer-nos ouvir dá-me vontade de sorrir, especialmente porque são, normalmente, as mesmas pessoas que entendem que devemos ser independentes porque somos um País autónomo.
Esquecendo que a única vez que, talvez, tenhamos sido autónomos data do Estado Novo (e mesmo aqui com dependência de uma aliança milenar com Inglaterra que nos protegia e sem vontade de afrontar Nazis com quem se tinha negócios), não é perceptível como se quer agora que o Estado Nação definha com a globalização e que, particularmente, os Estados Nação europeus definham com a moeda única, se quer pensar em independência nos termos do século passado.

O que se tentou fazer na Europa e ainda não se desistiu foi uma federalização semelhante à Americana; federalização que se torna difícil porque contrariamente aos americanos um gajo aqui tem asco aos espanhóis que por sua vez têm asco aos portugueses que por sua vez não gostam particularmente dos gregos que ainda se lembram do que os alemães lhes fizeram que acham os latinos um povo atrasado.
Esquecendo isto, por aqui, como disse, ainda se vive no século passado.

A autonomia ardeu; fomos resgatados 3 vezes em 30 anos; queremos que nos dêm dinheiro de borla (queremos os BEs desta vida)...mas também ser independentes!

Portugal só tinha a ganhar com a Federalização porque não perdia nada do que tem, neste momento, e em troca aprofundava aquilo que ainda não tem na Europa como, por exemplo, uma força de bloqueio ainda que sendo um País minoritário porque Federações têm este tipo de mecanismos de ressalva (contando que o pessoal não se esquecia deles).

A outra solução seria virar-nos para dentro, como a China fez e lhes custou séculos ou como a Coreia ainda faz ou como Cuba tentou e, ainda que a custo, percebeu que era uma estratégia de dias contados.
MAS os que ouvimos falar em ter mais independência não querem sair porque sabem o que lhes custa (vejam a Grécia) e não há almoços grátis.

CUBA

Nem ia falar disto mas é como as cerejas.

A importância de Cuba na América Latina é parecida com a importância da Síria no Médio-Oriente, ainda que por motivos diferentes. Cuba não é rica, Cuba não é grande...Cuba não tem nada que interesse particularmente em termos materiais. O que Cuba tem é o cerne de um pensamento; o que Cuba tem é a liderança espiritual (em itálico porque não há espiritual no comunismo).
O que os Estados Unidos quiseram não foi a paz cubana mas sim o aniquilar do líder de um bloco e conseguiu-o.

Reparem que a Venezuela foi, a correr, falar com o Obama e o Obama falou com eles.
Porquê?
Porque os americanos cortaram a cabeça da serpente.
Agora, morre o comunismo Sul Americano ainda antes de acontecer o mesmo ao Fidel.

Engraçado: numa altura do mundo em que apenas se fala em economia e comércio e tudo que envolve o vil metal é o espiritual que se continua a combater porque os tempos mudam mas a natureza humana não.

O QUE NÃO SE SABE

As pessoa tendem a contar-me coisas.
É esquisito, visto de fora, que assim seja porque, como é consabido, não sou particularmente sociável nem o melhor dos ouvintes em termos daquilo que se espera, em geral, destes últimos. A incapacidade de passar a mão pelo pêlo quando acho que não o devo fazer parece, à primeira vista, um dissuasor.

Mas como já por várias vezes descobri mas me surpreende e parece sempre novo quando acontece, as pessoas, individualmente, são melhores e mais espertas do que aquilo que espero delas.

Por estes dias retornou à minha vida uma pessoa antiga e retornou com vontade!
Ela é incomparavelmente mais bem sucedida que eu em todas as áreas que se possam imaginar, começando pela profissional e passando pela pessoal e social. Profissionalmente deve ser das mais bem sucedidas que conheço: prémis disto e daquilo, aqui e além fronteiras, gente a procurá-la para aparições em congressos, programas de televisão e artigos de opinião e sei lá mais o quê, sendo que tudo isto acontece desde tenra idade. Pessoalmente já constitui família e até já completou o círculo habitual: divorciou-se (e o mistério do reaparecimento deixou de o ser e, em boa verdade, seria o único motivo).

O que é engraçado nisto?

Voltem a Cuba...
Em tese, eu nada teria para oferecer se a Vida fosse a soma individual de parcelas. Sou menos em tudo que é quantificável mas, neste caso em concreto, muito mais em tudo que o não é.
Quem tem o Ego férreo sou eu; Quem tem facilidade em dizer Não sou eu; Quem se afasta e tem clareza sou eu.

Isto são duas questões muito interessantes, para mim.
A realidade favorece-a claramente mas a quem ela recorreu foi a quem a realidade favorece incomparavelmente menos. Se fossemos números e não sentimentos e coisas, isto seria a maior das parvoíces mas não somos.
A outra questão muito engraçada é que situações destas explicam uma complementaridade que, às vezes, é muito difícil aceitar no Mundo politicamente correcto em que vivemos.

Não temos de ser todos o mesmo, não temos de ter todos o mesmo.
Há uns anos, num almoço com bastante gente que eu não conhecia, acabei a conversar com uma gaja que se tinha divorciado há pouco tempo e estava a tentar refazer a vida. Como disse, as pessoas tendem a contar-me coisas e ela disse-me que o Ex não se sentia bem por ela ganhar mais dinheiro que ele e que isso levantou muitos problemas e, achava, tinha dado origem ao fim.
Depois (novamente, gente muito mais bem sucedida que eu e que devia pensar que, por isso, a minha opinião valeria menos) perguntou-me: E tu? Se a tua mulher ganhasse mais que tu como te sentirias?
Respondi-lhe o que responderia agora e que é mais ou menos isto:
Não tenho problemas nenhuns com isso. O que me chatearia, pessoalmente, seria não ganhar o suficiente para prover por mim e para ter as minhas coisas; sentir-me dependente. Agora, a minha pila não minga por a minha mulher ganhar mais dinheiro que eu. Óptimos para os dois se ela ganhasse muito!

E é isto que, às vezes, é difícil entender-se e que anda um pouco à volta do cerne desta questão: não temos de ser cópias mas complementos.
A minha amiga retornada não precisa, materialmente, de nada do que eu tenho. Fez e faz tudo melhor que eu mas a força - eventualmente desmedida quando vista em contexto - que me sai de dentro ela não tem e sente que precisa dela. Sente como sempre sentiu.
A mulher que pensava que ela ser mais bem sucedida tinha ditado o fim do casamento assumia como culpa esse mesmo sucesso, provavelmente porque o Ex dela não percebia que se ela tinha dinheiro não era de dinheiro que ela precisava.

...e voltando mais ou menos ao início: se, como se julga e com alguma verdade, suponho, as pessoas apenas pretendessem ouvir aquilo que querem nunca falariam comigo mas, às vezes, percebem que precisam de algo que não querem.
...e fala muita gente comigo...

...E QUANDO O BEBÉ SOU EU

Isto é muito engraçado.

Por estes dias, por motivos mais ou menos desconhecidos, houve uma volta muito numerosa de pessoas que o tempo se tinha encarregado de dissipar.
Voltou gente que estava no Além Mar e que queria ver-te, caso contrário passam-se mais 2 anos, voltou gente que não devia precisar de nada de mim mas que, às 2 da manhã, me manda uma mensagem a dizer o meu pai está internado...não sei que fazer... quando deveria rebolar para o outro lado da cama em que dorme e perguntar, voltou gente - aqui, menos fisicamente - para me informar que é muito triste as pessoas tomarem decisões de que se arrependem mas não se pode esperar para sempre mesmo quando se quer e ainda mais um ou dois casos.
O meu telefone não tem parado e outro dia - atenção!! - estive mais de 1 hora ao telefone.

Bem, mas o Bebé...

Uma destas pessoas carregou forte! Mas como não a via há bastante tempo e conhecia-a bem, não dei uma importância muito grande. Quer dizer, quando escrevo não dei uma importância muito grande o que quero dizer é que não achei que me queria sacar.
A dada altura, ela pede-me desculpa por me estar a ligar tantas vezes e diz que eu devo estar a pensar que ela é muito chata para não pensar coisa pior! Não sabendo o que seria coisa pior, perguntei o que seria e ela respondeu-me assediar-te.
Por ela ser quem é, respondi que nem me passou tal coisa pela cabeça e não tinha passado mesmo!

Minutos depois ligou-me uma das minhas amigas e contei-lhe o sucedido e ela disse-me que ela queria, obviamente, sacar-me. Mantive: nada disso. A questão é outra.

À noite, ligou-me outra vez (talvez a 5ª vez do dia) e, ao fim da conversa, diz-me assim: Vais ser claramente apanhado desprevenido mas quero convidar-te para jantar. Ou melhor, quero cozinhar para ti...
Fiquei uns segundos calado - porque conhecendo a pessoa era mesmo imprevisível...ou nem tanto, contando com o que já me tinha sido dito pela minha amiga - e pensei: Foda-se, K! És mesmo Bebé!!
De todo modo, aceitei porque não se recusam refeições (recusam-se, recusam-se mas como a conheço bem, chata ela não é!).

No dia seguinte, mandei um E-mail à minha amiga a dizer assim:
As duas palavras que mais detesto dizer-te: TINHAS RAZÃO!
Ela respondeu:
Era evidente. És muito bebé!

Não sou mas fui.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home