Saturday, April 18, 2015

Silver Linings Playbook

(último)

Andava há muito tempo para ver isto e quando digo muito tempo quero dizer desde 2012, quando saiu (já foram tempos em que ia ao cinema...) e ontem, para evitar acordar cedo hoje, o que nem resultou, decidi pôr a vontade em prática.

O enredo, como o tinha entendido, interessava-me porque se tratava de gente estragada que se encontrou e, tendencialmente, iria arranjar-se. Por causa do realizador ainda achei que ainda que pudesse acabar bem a coisa ia fazer sentido; as coisas podem resultar sem que pareça forçado porque, às vezes, o sol brilha mesmo.

Ledo engano...

Num passe de mágica, o gajo deixa de ser mentalmente instável e esquece a mulher pela qual era doente (andou o filme todo a trata-la, perante os outros, como esposa quando ela já tinha dado à perna).
As pessoas endireitam-se, às vezes, mas não assim...

Enfim... 
Nem tudo se perdeu e haveria muito mais a ganhar porque o que mais me interessou ficou muito longe de ser explorado e foi abordado en passant.
Então:
O gajo foi traído pela tal mulher e colou-lhe o fusível.
O que fez? 
Começou a perder peso, a entrar em forma e a estudar literatura americana, aquilo que a gaja ensinava.
Porquê? Porque ela não o tinha traído por ser uma pêga mas antes porque ele era gordo e não se interessava pelo que lhe interessava a ela.
Evidente.

A gaja colou-lhe o pistão porque o marido morreu.
O que fez ela?
Começou a malhar (ou ser malhada) por tudo quanto mexia. 
Era uma pêga? Bem, na prática sim mas o porquê é muito mais interessante: porque se sentiria insegura no casamento, não malhava com o marido há meses e quando o gajo morreu atropelado tinha no banco do passageiro uma lingerie que lhe tinha comprado para ver se a coisa se resolvia.
Reacção? Foder com toda a gente.

Isto é interessante.
O que leva as pessoas a fazerem o que fazem; o que as danifica e estraga; o que estão dispostas a fazer para ultrapassar ou recuperar o que quer que entendam como fundamental.

Mas para isso é provável que o filme tivesse de ser europeu...

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