ANDA PESADO, VOU TENTAR ACABAR EM LEVE (SEM GARANTIR QUE CONSIGA)
RAREFEITO
Há pouco tempo fui convidado para participar num colóquio sobre a consciência por um gajo que sabe que sou um bocado mais do que a capa de selvagem que trago comigo.
Recusei porque não estou - e acho que não estarei nunca - preparado para assumir um strip deste tipo perante gente indiferenciada e que nunca vi. Não me apetece, hoje como ontem, que saibam de mim aquilo que não me apetece ainda que se entenda que o que não quero que saibam seja mais benéfico do que o que sabem.
Amanhã, não sei mas hoje ainda não.
Porque se lembrou este gajo de mim?
Temos um amigo em comum e uma vez convivemos os 3 e a conversa resvalou para o nível da consciência e a solidão. Naturalmente, evito estas coisas quando consigo mas se me vir lá metido...
Bem, a tese é que quanto maior o nível de consciência atingido pelo indivíduo mais isolado ele se sente; é como uma pirâmide em que a base é o nível de consciência baixo onde há muita gente (como a utilização do FB) e a mais alta onde há muito menos gente (como a compreensão de Espinosa ou Camus).
(não vou discorrer sobre isto porque não vou fazer com vocês o que me recusei a fazer com outros).
A teoria não é errada. Concordo, em geral, com ela.
Thoreau, cuja filosofia não aprecio particularmente mas tenho uma impressão contrária quanto à pessoa e ao que decidiu fazer, pôs-se a monte para se sentir menos sozinho do que se sentia com gente à volta.
Talvez porque concorde, gosto pouco de estar em multidões e de expor complicações internas que parecem de outro planeta para muitos de nós. Não é uma coisa de superioridade ou pedantismo, é mais um para quê?. Se é para me deixarem em paz, e é quase sempre, é mais fácil que as pessoas compreendam o porquê de o fazer; compreenderão que é porque sou misantropo (sendo que poderão não conhecer a palavra) mas já não que é porque quem se sente isolado sou eu e não necessariamente que me isolo.
Menos perguntas = mais facilidade e, o pior, compreendendo-se ou não, o mesmo resultado.
De todo o modo, a pergunta que me faço, muito de vez em quando, é se vale a pena.
A resposta é não.
Já muitas vezes por aqui disse que a ignorância é uma bênção e não o digo em tom jocoso, digo-o porque acredito que assim é. Seria, suponho, mais feliz se, como o Zeca Pagodinho, deixasse a vida me levar mas foi uma porta que se fechou depois de lá ter passado.
Preferiria eu ser ignorante?
Estão a ver? Queria responder que sim mas a verdade é que não é uma escolha que me seja possível porque se deixa de poder escolher a ignorância no momento em que se percebe que talvez se devesse fazê-lo; quando se sobe de patamar na pirâmide não me parece que se possa descer mas pode-se fingir que se desceu que é o que tento muitas vezes... sendo certo que é uma metáfora desconhecida para ignorantes e que, por isso, mesmo que dita esbarra na impossibilidade, o que faz cair a máscara que se tentou usar.
...e é por isto que recusei falar em público sobre cenas destas.
Não estou a falar, não sei para quem estou a escrever, ninguém me conhece e estou com vontade de me esbofetear por exercitar tanto a massa cinzenta.
(o Post acaba em gajas, PROMETO!)
O MUNDO DOS PORQUÊS
(ainda não são gajas...)
A mesma estranheza que banha quem não entende para que quero eu saber os porquês de tudo é quase tão grande como a que me banha a mim quem não quer saber; só não é igual porque eu sei porque se não quer saber e acho, até, mais benéfico para a sanidade mental (e como que por magia, eu quis saber o porquê de quem não quer saber dos porquês. Há insanidade maior?)
Eu quero saber tudo e sempre porque detesto ser dominado. Saber não evita o erro mas evitará a sua repetição - no meu caso não é assim mas o princípio mantém-se - o que é o máximo que se pode pedir ou, inclusive, querer.
Preciso de sentir que sou responsável pela minha vida e tenho dificuldade em sentir isso se desconhecer o que me levou a fazer o quê mesmo que à partida soubesse ser errado. Há umas semanas disse ao meu irmão "meu amigo, precisas de saber onde andas metido, sempre. Não tenho problemas com o que escolhes - mais ou menos - mas não vou tolerar que me venhas, depois, dizer que não sabes por que te aconteceu isto ou aquilo. Pensas, escolhes, pagas!" e é mais ou menos isto.
Já fiz escolhas de merda e que sabia serem de merda quando as fiz mas não as consegui evitar. Até agora, não me arrependi porque estava a par do que se passava e, conscientemente, decidi para o lado que queria ainda que pudesse ser o que não devia.
Decisão minha. Culpa minha. Para o bem e para o mal.
Por isso é que apesar de recorrerem muito a mim para resolver problemas ou para dar opiniões raramente o fazem no primeiro momento em que eles surgem. Primeiro, vai-se falar com quem se sabe que dirá o que se quer ouvir, independentemente do acerto (sim, tens razão; também não percebo como isso aconteceu; fizeste o que podias; deixa andar que as coisas resolvem-se) e só quando se chega à conclusão que não ajudou se recorre a mim.
Ex.
Há pouco tempo uma amiga veio perguntar-me o que haveria de fazer para sair de uma situação complicada em que está metida há muito.
Fui pensando e dizendo que se ela queria resolver teria de sair da sua zona de conforto; teria de encontrar onde dói na outra pessoa e depois bater até doerem as mãos.
Fomos falando e eu fui vendo resistência no que precisava de ser feito e, a dado momento, ela disse-me qualquer coisa como "acreditas que parece que ele me traiu?!"...e a pedra bateu!
"Foda-se, que interessa isso?! Estás preocupada com isso?! Essa merda tem de ser resolvida por muitos e muitos motivos, isso, para o caso, é completamente indiferente. Acredito que te doa no Ego mas não faz qualquer diferença! Se queres resolver isso o que tens de fazer, PRIMEIRO, é resolver ESSE problema de te preocupares ser traída, depois pensa-se."
Porquê?
Porque o primeiro problema é ultrapassá-lo a ele e depois o resto porque o segundo sem o primeiro não vai resultar.
Doeu mas resolver problemas dói. Manter os problemas é mais o fumar mata...não faz mal, temos tempo. Pode demorar mas o tempo que se perde para chegar onde se chegaria mais cedo ninguém o devolve.
A REALIDADE
(é a seguir)
Já devem ter reparado que as pessoas vão caindo, politicamente, para a Direita à medida que vão crescendo.
As Universidades, por exemplo, são um viveiro de Sindicalistas e Comunistas e Anarquistas e por aí fora; hão-se reparar, também, que os gajos que envelhecem na família da Esquerda, mormente os intelectuais, sacam miúdas novas e, muitas vezes, giras e boas.
Ambos os fenómenos se prendem com a tristeza que é o encontro com a realidade.
Quando o pessoal é novo, não sabe, ainda, que a Humanidade, ainda que muito apreciada, é uma merda e o Mundo quer bem que um gajo se foda. Nem uma coisa nem outra se compadecem com sentimentos e vontades e cravos.
Podem pensar que isto é uma visão negra da realidade mas, novamente, a realidade faz o favor de me dar razão.
Não quero com isto dizer que não há gente boa, há muita! Só que é engolida pela turba da mesma maneira que, por exemplo, uma pessoa pode ser incapaz de espancar outra pessoa até à morte mas já não o ser se englobada numa multidão que está a fazer o mesmo.
Olhem para a Alemanha Nazi e pensem se, individualmente, todos os envolvidos seriam capazes de andar a mandar pessoal para as câmaras de gás e apesar de a resposta sim nos aliviar a verdade é o seu contrário; a maioria deles não se veria a fazer o que fez mas a verdade é que acabou por fazer.
De volta:
à medida que crescemos vamos tendo contacto com o materialismo que nos rodeia.
Acredito que a maioria é infectada pela sociedade de consumo e pelo sonho de, por exemplo, ter a sua casa no lugar X e isso ser menos adequado a uma mentalidade redistributiva e de igualdade; descobrem, sem o saber (porque não querem saber porquê que os recursos são limitados mas a vontade não).
Outros percebem que apesar das palavras bonitas da Revolução Francesa, igualdade e fraternidade são conceitos de aplicação muito limitada...quando o são. As pessoas vão preferir-se a sim em detrimento da outra, o que não critico porque a evolução fez-se para sobreviver e não para o seu contrário.
Responsabilidade, por exemplo, é um termo indeterminado para muita da Esquerda.
Repare-se que a solução, no caso português, que se houve é não pagamos ou, na extrema, falta dinheiro? Manda-se imprimir mais! desconhecendo o que é uma moeda fiduciária e a sua fragilidade.
Diga-se, contudo: eles têm razão, em abstracto, que o papel não vale coisa nenhuma, nem sequer o valor do papel em que se imprime. Em concreto, contudo, funciona porque se acredita que funciona e se se deixar de acreditar vamos andar com vacas pela corda a trocá-la por porcos (ainda que, pessoalmente, prefira porcas).
Pueril.
GAJAS!!!
Sou muito mais eficaz sóbrio do que encharcado de bebida, É um conceito esquisito, em geral, até porque, só para ilustrar, uma vez estava com um amigo na noite e havia uma gaja que o queria sacar e ele disse-me pera. Vou matar 3 shots para ver se consigo dar andamento a isto.
Percebo que a bebida desiniba mas como não preciso disso, a mim deixa-me mais alienado e incapaz de perceber o que perceberia se estivesse centrado.
Pequenos exemplos da coisa, bem e mal sucedidos:
Ex1 (bebido e com final infeliz)
Entrei numa festa e percebi, uns minutos depois, que uma das gajas que lá estava tinha um claro interesse. Não claro em termos de palavras mas nas coisas pequenas que consigo identificar com alguma facilidade.
Como o ambiente ainda não era propício, para qualquer um dos dois, a coisa foi sendo deixada para mais tarde e mais tarde e mais tarde... até que ultrapassou 1 garrafa de gin.
Quando já se estava a compor mas ainda em fase de aquecimento, disse-me: Preciso de ir à casa de banho mas tenho tanta roupa para tirar... ao que me predispus a ajudar, naturalmente. Só a ajudei a desabotoar as calças mas os dados estavam lançados.
Algum tempo depois, quando eu já ia a 1.500 kms hora, ela decidiu que queria ir embora e eu respondi que jamais iria! Agora? Nop, vou para o (insert bar)!
Com a porta do Taxi aberta diz-me:
K...vamos embora...É melhor irmos...
Nem pensar! Vou agora para casa?! respondi eu...sem entender que ela não me queria levar para casa.
Foi-se embora fodida - fodida descobri depois, quando me ligou no dia seguinte - e eu só no dia seguinte percebi o que tinha acontecido.
Pensei: foda-se!
Ex2 (bebido e com final feliz)
Já a voar, entrei num bar e andei por lá perdido com mais 1 ou 2 amigos.
Durante algum tempo, pareceu-me que havia uma gaja a encostar-se demasiado a mim em lugares diferentes mas, em abono da verdade, nem sabia se era a mesma.
Como faço sempre que vou contra alguém (presumo ter sido eu mesmo quando são outras pessoas que vêm contra mim).
Fim da noite, luzes acesas, agarram-me pelo braço e arrastam-me para a casa de banho:
Não tenho mais tempo para ver se percebias....
Não tinha percebido, fui forçado a perceber.
Assim, funcionou. De outra maneira, não teria funcionado.
Ex3 (sóbrio e sem final)
Como é de conhecimento público, as minhas sextas são uma merda, algo que se torna aparente mesmo para quem não me conhece mas se cruza comigo, sendo certo que não sabem que é por ser sexta.
A miúda que me mede cenas acha-me graça mas sempre me pareceu que era inócuo. Vou dando corda porque me diverte e sou fraco para mulheres que querem tratar de mim, mesmo quando é de forma profissional.
Vendo-me de mau humor, em vez de largar pressionou para fazer o que deveria fazer mesmo que não me pressionassem para o efeito e facilitei porque, como disse, sou fraco para quem quer tratar de mim e é simpático com isso.
A dada altura disse-me tem o X muito elevado! ao que respondi, porque tinha entrado em automático, que devia ser por causa dela.
Depois de ter ficado ligeiramente vermelha e procurado, deliberadamente, o chão mudou claramente de assunto e para qual? Sabe, há um ano obriguei o meu namorado a fazer dieta! Ele não queria mas está a resultar!
Sorri e olhei para ela. Não lhe disse nada porque não estou interessado em ter contacto com quem vou ter de ver muitas vezes e menos interessado estou em coisa que dure, pelo que acabaria sempre mal: ou ela não queria e seria desconfortável ou ela queria e seria mais que desconfortável depois de facturada e evitada posteriormente.
O que ela faz, pensando estar a bater a porta ao dizer-me ter namorado, foi demonstrar que as antenas estão ligadas e que a ameaça e o interesse existe.
A maioria poderia achar que, de facto, ela estava a manter-me à distância mas fez precisamente o contrário... mas não avancei nem avançarei para a matança pelos motivos que já referi mas o sorriso que lhe dei mostrou, só, que eu tinha entendido o que se tinha passado e a minha sexta melhorou.
Sóbrio é mais difícil eu não entender os detalhes.
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