...E AÍ ESTOU!
NOVAMENTE A SELF FULFILLING PROPHECY
Já falei sobre isto por cá mas não disse como lá cheguei.
Muitas das vezes as coisas chamam-me a atenção só por me parecerem interessantes (ultimamente, por exemplo, o porquê de Eco ser o que é e como nasceu e o motivo que levou a que a Maratona tenha a distância que tem e não outra, por exemplo) mas outras vezes é porque sinto algum contacto pessoal com o que me aparece: este tipo de Profecias é do segundo tipo.
O juramento ou o mantra dos Alcoólicos Anónimos prega por força para mudar o que se consegue e aceitar o que não se consegue. Sábias palavras que revelam uma la paliçada digna do Gustavo Santos e que poderia vir do mesmo autor que explica que o caminho faz-se caminhando. Isto é muito bonito e tende a revelar um caminho para a felicidade que parte da aceitação e isso nada tem de mal, é, até, profundamente verdadeiro, parece-me, mas infelizmente tem a desvantagem de não se dar bem com a realidade e com a natureza humana.
Ninguém no seu perfeito juízo prefere não mudar o que não gosta e não aceitar o que não consegue mudar. O que acontece é que não se consegue tudo que se quer mas também não se consegue aceitar, sem mais (EU, pelo menos, não consigo) aquilo de que não se quer. É este um dos eternos conflitos da condição humana.
Com a pancada que fui apanhando fui aprendendo a defender-me e como muita da pancada que apanho é auto-infligida isso significa defender-me de mim. Como todos, vivo muito tempo comigo e é difícil defendermo-nos de quem está tão perto mas não é por isso que devemos desistir.
Uma das coisas que aprendi, com muito custo, foi o clássico contar até dez que se ensina às crianças e que funciona muito bem; mentiria se dissesse que consigo chegar sempre aos dez, às vezes fico-me pelo dois e, outras, pelo um mas já consigo começar a contar, pelo menos (baby steps).
Poderia isto querer dizer que tomo decisões diferentes depois de contar e, às vezes, isso é verdade mas nem sempre. A maior virtude é que consigo articular melhor o que vou fazer e, com isso, tentar alterar o resultado mas o acto, mais vigoroso ou mais suave, costuma sempre acabar por ser o mesmo.
Então, a Profecia.
Quando começo a pensar em alguma coisa (isto não está bem; não deveria ser assim; estes filhos da puta estão a irritar-me; isto não deveria ser assim) as rodas começam a girar mas ainda vão sendo controlávei.
Quando passo a verbalizar em vez de apenas pensar ganham força.
Quando depois de verbalizar com a consequência que daí retirarei passam, definitivamente, a tomar uma direcção.
Quando começam a tomar uma direcção tendo a agir da forma que penso.
Isso não parece bem aquilo que o título refere, parece que ouço, mas é.
Eu penso isto não me parece que vá acabar bem e quando penso isso ainda muito pode acontecer; pode haver uma alteração de factos, pode haver uma alteração de acontecimentos, pode ser explicado e resolvido o que me parece ser inevitável, posso estar enganado, enfim: pode acontecer tudo e mais alguma coisa que evite que o que parece passe a ser...só que, muitas das vezes, não consigo esperar e preencho todo o tempo intermédio ao triplo da velocidade para chegar ao resultado que deixa de parecer para ser.
Qual foi, então, uma das vitórias?
Procrastinar.
Sim, eu sei, uma coisa que me desagrada de formas que nem gosto de descrever mas que, aqui, mercê da evolução que fui sofrendo surge como uma coisa boa, é um contar até dez. Não evito o problema mas atraso-o para um momento em que, talvez, consiga acender um fósforo em vez de pegar fogo ao Mundo todo.
Reparem,
isto, infelizmente, não significa que faça coisa diferente daquela que a minha natureza pede; isto não significa que consiga mudar o que não gosto nem aceitar aquilo que não consigo mudar; isto não significa que o resultado seja diferente do que seria sem todo este esforço.
Isto significa, apenas, que avancei um bocadinho num sentido que, há uma década, não imaginava possível.
O ódio e a raiva (e detesto a primeira destas palavras, daí usá-la com muita parcimónia) não se esvaíram pelos meus poros mas consegui pôr-lhes uma trela.
Isto cansa-me muito mas...
QUANDO?
Todos somos egoístas mas uns são-no de uma maneira e outra de outra e, mesmo em casos iguais, as intensidades variam.
Algo que parece ser transversal é que pensamos os outros como nos pensamos a nós; quando se olha para alguém, normalmente, não se vê quem lá está mas o próprio. Em termos mais simplistas: imaginamos que o que dói aos outros é o que nos dói a nós e o que alegra os outros é o que nos alegra a nós.
A maioria assumirá que isto é parvo mas não o conseguirá evitar.
Outra destas formas de egoísmo é querermos que os outros partilhem os seus problemas connosco para que nos sintamos importantes. Poderemos, até - os menos iluminados de nós, achar que estamos a pensar na outra pessoa mas o que estamos, mesmo, a fazer, é regular a nossa escala na vida do outro mediante aquilo que este último está disposto a expor.
Porque assim é (e é mesmo!), queremos saber mas no momento em que temos disponibilidade e não causa transtorno; queremos saber mas de uma forma que não ocupe o tempo que não queremos; queremos saber mas sem que as nossas rotinas (jantares, festas, descanso, cinema, facebookadas, compras...) sejam realmente afectadas.
O tempo para ajudar os outros é o próprio e não daquele que precisa de ajuda.
Contrariamente ao habitual, porque me costumo incluir quando uso a primeira pessoa do plurar, quando escrevo queremos não estou a falar de mim mas de vocês. E quando digo vocês refiro-me a quem se conseguir rever nisto e a quem não se consegue rever mas está lá e este segundo grupo é gigantesto.
Para perceberem o que quero dizer quando me coloco fora deste círculo:
Quando alguém que me interessa precisa de mim - e aqui a gravidade do problema é avaliado por quem pede e não por mim - largo quase tudo que tiver em mãos e ponho-me a andar. Não posso dizer que largo tudo porque seria demasiado abrangente mas o que se exclui é muito muito pouco.
Não largo, só, o que estou disposto a largar. Largo o que tiver de largar.
Ontem - a mesma pessoa que me acusou de ser equilibrado - disse-me:
Depois de tudo que te contei. Depois de tudo que te pedi. Depois de tudo que me ajudaste, não queres saber o que decidi e o que fiz?! (isto aconteceu depois de mais de uma hora de convívio).
Não é que não queira saber - respondi-lhe - perguntei-te se estava tudo bem e respondeste que sim. Se está tudo bem, está tudo bem. Se quiseres contar, podes contar, interessa-me, mas eu não ajudei para me vires agradecer ou prestar contas. O que eu fiz fiz por ti e não por mim.
Podem, todos, pensar que isto é básico mas se puserem a mão na cabeça e analisarem, realmente, o que acontece à vossa volta e não o que julgam acontecer chegarão à conclusão que isto é muito pouco comum.
Tem, contudo, custos..
Porque estou a par disto, vejo com muita hostilidade gente que se quer meter na minha vida apenas para se sentir bem e apenas disponibilizando aquilo de si que lhes apetece.
Esta hostilidade revela-se não da forma habitual e bastante literal como costumo fazer mas antes de outra que não se vê nem se sente nos ossos: excluo da lista a quem peço ajuda.
Ah, isso não é castigo nenhum, chateias menos!
É verdade, eu também acho. E mesmo que possa ser um castigo o meu objectivo não é castigar. O meu objectivo é ter a carga mais leve porque é pelas pessoas que incluo que faço tudo que puder (e, às vezes, o que não puder) mas às que excluo não. Às que excluo não por animosidade mas apenas porque não espero delas o que espero das outras faço aquilo que me custe pouco e passo a entrar no grupo dos que ajudam quando dá jeito.
...mas não chorem por mim.
Tanto porque não mereço como porque não preciso.
Tenho pouca gente por perto mas os poucos que por cá andam não me largam. O telefone toca e faz-se o que se tem de fazer mesmo que o que se possa fazer seja muito pouco, como acontece comigo.
...e por que motivo me ligam quando deveriam rolar na cama e perguntar à pessoa que dorme com elas?
Porque há muitos motivos para ser muito difícil conviver comigo diariamente e durante muitos dias mas há alguns para não conseguirem evitar que os dedos percorram os meus dígitos quando a coisa aperta.
EU NÃO TE PODIA TER NO MEU CASAMENTO, K!!!
Como já por aqui disse, as minhas Exs estão todas casadas e com filhos (também disse que estarem casadas interessa-me pouco mas teremo filhos deprimiu-me porque sinto que é uma porta a fechar-se. Não com elas mas comigo) e, espero, todas estejam e sejam felizes.
O mesmo acontece com alguns dos meus antigos casos mas, aqui, como são mais, começam a aparecer as divorciadas.
Por estes dias apareceu-me uma.
Não foi minha namorada nem coisa que o valha mas foi mais longo do que o habitual e alguém com quem sempre me dei bem mas que depois de casar cessou (e eu com ela) contacto comigo a menos que a encontrasse, altura em que a coisa sempre foi pacífica.
Como temos falado mais têm surgido mais assuntos e um deles foi este de termos perdido o contacto; eu sabia porquê e ela também mas eu não toco em assuntos em relação aos quais já sei a resposta mas ela, que é diferente de mim, não conseguiu evitar, e a coisa resvalou para o casamento dela.
Pequeno enquadramento:
conheço-a há muito tempo e temos vários amigos em comum, os nossos círculos não são muito diferentes e dava-me bem com ela antes de acontecer o que quer que seja e continuei depois de acontecer o que quer que tenho acontecido.
Eu era um dos gajos mais próximos e íntmidos dela (mesmo sem intimidade carnal) embora a recíproca não fosse verdadeira porque não malho amigas...e quando o casamento aconteceu eu não fui convidado mas outras pessoas menos íntimas foram,
Ok pensei eu faz todo o sentido e depois achei muito divertido porque não me convidar queria dizer muito mais do que convidar-me porque...convidar-me era o mais óbvio e quando se foge ao óbvio...
Eu sei que deves ter estranho eu ter convidado o X e o Pe o F e não a ti mas a ti eu não podia convidar. Ia sentir-me muito mal em ter-te presente enquanto casava; não é que não gostasse e quisesse o meu marido, é que seria esquisito querer mais alguém na sala...
Durante o casamento foi o mesmo. Não é que eu o fosse trair contigo; não é que eu não quisesse falar contigo e ver-te. É que estabelecer contacto não me parecia bem porque nós não fomos, eramos ou somos só amigos.
Compreendi-a muito bem. Achei tudo absolutamente justo. Não penso de forma muito diferente.
Também não achei que ela não quisesse o marido dela mas antes a mim;
Também não achei que ela fosse desistir do casamento porque me teria visto;
Também não achei que se me ligasse viria desvairada meter-se na minha cama.
Achei exactamente o que ela me disse e, novamente, concordo.
Quando se quer alguém e se assume que se quer alguém não se deve, sequer, dar motivos ou abertura para que essa pessoa ache coisa diferente (dentro daquilo que se pode controlar, claro. Não é um convento!) e, neste caso, não é que ela fosse fazer mas era óbvio que ia pensar e isso não seria tolerável.
...aliás, tanto ia pensar que quando a porta abriu...
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