Saturday, October 31, 2015

Fiquei a Matutar Nisto...

Pois, eu sei que não percebes o conceito de beber um copo para relaxar.

Isto veio depois de uma conversa que nada tinha que ver com isto.
Começou com uma falta de gosto por gin que levaria a que se metesse qualquer coisa juntamente com ele para mascarar o sabor. Conceito estranho, para mim: ora, se não se gosta não se bebe...
Daí veio o se não houver outra coisa e a frase que iniciou o post.

Visto descontextualizado, parece algo que um alcoólico diria. Aliás, se fosse o caso, poderia fazer o paralelismo com o pessoal que à falta de álcool à mão se manda para o perfume (true story!).
Enfim, não é.

Por que me ficou isto a matutar?
Bem... eu gosto de bebida e não tenho nada contra o seu consumo, mesmo que pouco moderado. 
É verdade, porém, que não faço dele um uso diário e muito menos alguma vez pensei em beber um copo para relaxar.
A minha relação com a bebida - que quando acontece é algo exagerada - é outra e um bocado pavloviana.
Bebo quando alguma coisa vai acontecer e não quero com isto dizer que tem de ser especial; bebo quando estou com alguém em algum lado, bebo quando vou jantar com alguém...enfim, não é uma premonição de bebedeira (ainda que quase...) mas uma actividade lúdica e em conjunto. É social no sentido colectivo do termo.

Mas se eu gosto de bebida, ao ponto de as distinguir e reconhecê-las pelas marcas e saber uma ou duas merdas de castas e número de destilação e doce ou amargo e por aí fora, qual o meu problema com o cinematográfico copo ao fim do dia para relaxar?
Depois de desperdiçar o tempo que não tenho é porque considero, para mim, uma fraqueza.
Mesmo que precisasse de algo para relaxar, não devia precisar e se precisar alguma coisa está mal e se alguma coisa está mal tenho de resolver.
Não gosto de ajudas que acho que não devia precisar e acho sempre que não devia precisar.
...é por isso que só tomo alguma coisa para dormir, por exemplo, quando estou há dias com dificuldades, nunca no primeiro ou no segundo. Só quando sou vencido.
...é por isso que não tomo medicamentos para as dores de cabeça a menos que tenha de trabalhar e sinta como um problema produtivo. Só quando já passou o ponto do tolerável.

Há uns tempos, liguei a uma dentista e disse-lhe preciso de uma consulta para hoje e como já me conhecia percebeu o que estava a acontecer. Respondeu: pode ser daqui a meia hora, se quiser.
Quando cheguei, ela estava a rir-se e eu levei aquilo um bocado a mal. Perguntei-lhe posso saber onde está a graça?
Ela respondeu-me:
Não se chateie. Imagino que esteja num estado calamitoso e que pessoas normais já tivessem ligado há 1 mês... (abriu-me a boca e perguntou) Há quanto tempo lhe dói e quanto lhe dói agora?
- Bem...doer doer só hoje. Ando com uma moideirazinha há uma semanita...
Está a ver por que me ri? K... isso está de desmaiar, isso tem de lhe doer doer há bem mais do que uma semanita.

É possível... mas só concedo derrota quando estou estendido.

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