O Controlo De Egos
Por uma questão de feitio, tento ser o mais realista que consigo com os meus defeitos e as minhas virtudes e como me dói mais perder do que me dá alegria ganhar, tenho uma tendência natural para dar muito mais relevo e atenção aos meus defeitos.
Na verdade, interessa perder muito tempo com o que está bem?
Então,
dá-se com muita frequência haver opiniões díspares sobre o que sou e como sou (falo de amigos, apenas!) sendo raro achar que não sou sobre ou sub-valorizado. É raro as opiniões coincidirem com o que acho mas só me preocupa quando são demasiado distantes.
Por exemplo:
- Parte dos meus amigos acha que estou perto do génio que não sou e que há 200.000 mil gajas que me querem comer e as que não querem é porque são burras;
- Parte dos meus amigos acha que me acho mais espero do que devia e que julgo que há menos gajas a quererem sacar-me do que julgo.
Como resulta óbvio do que já escrevi, acho que sou espero mas não um génio; acho que há gajas que me querem comer mas não são aos milhares.
O que tem mais graça, provavelmente por haver laços de amizade a não ser feito por mal, é que os que pensam que me acho mais do que o que sou não sei se o acham realmente ou se apenas acham que o meu balão já é demasiado cheio sem que haja colaboração e, nesta parte, acho que podem muito bem estar certos...sendo certo que a minha opinião de mim é muito mais relevante do que a exterior (menos quando acho que posso estar a imaginar coisas e isso preocupa-me muito...)
Bora a exemplos práticos?
1.
A minha melhor amiga é-o há 20 anos. Por isso, mais do que conhecer-me muito bem e saber que há coisas em mim que têm de ser controladas tem uma enorme dificuldade - que é recíproca - em ver-me como um gajo.
A ela conto-lhe tudo ou tudo o que consigo contar e tenho pouco ou nenhum medo de ser ridículo.
Então,
contei-lhe a cena da recente fixação feminina pelos meus braços e a confusão que isso me fazia; apalpou-me os braços e disse que elas eram estúpidas ou que nunca tinham sentido um braço decente. Devem ser o refugo, disse-me e eu ri-me muito.
Pouco tempo depois:
Fomos jantar dar uma volta a um bar.
Quando estávamos na pista disse-me foda-se... Vou ter de sair daqui prás gajas se poderem roçar em ti à vontade?! (já tinha sido uma e agora era outra. Empurraram-na um bocado).
Respondi: Que gajas, X? Deves estar enganada. Aqui na confusão só parece que se estão a encostar...
- Ó K, eu sou gaja. Eu sei quando se estão a fazer ao piso!!!
Não percebo, X...mas afinal há gajas que me querem comer?!
- Vai à merda!
Umas semanas depois:
Porque detesta não ter razão e a coisa já lhe tinha corrido mal antes, tentou dobrar!
Num outro bar onde estava com amigas (amigas que eu também conhecia), disse-lhes o que lhes tinha contado da cena de ser apalpado e como isso era ridículo. Acreditam?!
Duas das amigas dela ganharam coragem e agarraram-me os braços. Não desgostaram (direi assim para não me sentir demasiado pavão).
X, isto está muito bem! Não sei quem anda a apalpar mas mau gosto não tem...
Ela ficou ainda mais fodida.
Dói a todas!
2.
É sabido que não ligo muito ao que visto.
Quero estar limpo e não parecer ridículo mas excluindo isso... mesmo sabendo que uma determinada peça não me fica particularmente bem uso-a na mesma porque não quero saber.
Coisa diferente é eu achar que não me fica mal e ela ficar.
Essa camisola não te fica bem.
- Não concordo. Mas não temos de gostar todos do mesmo...
Fica-te muito justa.
- Sim, mais do que devia.
Ficas parecido com a C (gaja impecável mas que não percebe como as coisas que usa não a favorecem).
- Ah?! Não pode ser!!
Esta merda chateou-me e deixou-me a pensar.
Percebem? Não me interessa que me fique mal se eu souber que me fica mal. Eu achar que me fica bem e a generalidade entender que fico ridículo chateia-me mais.
Chateia-me muito não saber...
...e duas horitas de arte:
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