Sunday, February 07, 2016

INSTINTO

Uma deambulação de quem estava a sentir as paredes apertarem.

CORPO

Já todos havemos de ter visto reportagens que mostram bebés a nadar assim que nascem, uma capacidade que, entretanto, perdem.
Já todos havemos de ter visto cães comerem erva e quase todos devemos saber que isso se deve à falta de uma determinada vitamina.
O primeiro caso mostra uma desaprendizagem levada por um animal racional e o segundo uma necessidade detectada mas impossível de explicar ou, sequer, compreender por um irracional.

Um dos meus amigos transformou-se numa cena um bocado esotérica e de amante da natureza e cenas e será um dos poucos casos em que não criticarei porque não impinge isso aos outros ou, pelo menos, não me impinge. 
Numa conversa disse-lhe que estava com pouca vontade de comer carne. Dia que nunca pensei puder nascer mas que aqui estava; não é uma questão de saúde, não é uma questão de dar sainete nesta época de vegetarianos...só não me apetece.

A ideia dele é que o meu corpo começou a rejeitar carne porque a nossa estrutura, apesar do que nos vendem, não é bem de omnívoro (e chapou-me com uma explicação que tem que ver com a nossa dentição e com o intestino que transportamos que tem mais em comum com um animal herbívoro do que carnívoro) e o que está a dar-se é que a minha natureza está a dar de si,
Não sei nem procurei saber se ele tem razão quanto ao fundamento mas sei isto: o meu corpo não pede carne...também não diria que a rejeita no estrito sentido da coisa mas pedir não pede e agradece que coma outra coisa.

Reparem: não comprei o que me venderam quanto à geração saúde. Não quero saber quantas vacas morrem para satisfazer a minha vontade de enfardar o seu corpo. Só não me apetece e não vou forçar.

Isto parece uma coisa new age que detesto mas dei por mim a pensar que talvez não seja má ideia, com comedimento típico de um animal racional,ouvir o que o corpo nos diz sem perguntar.
A luta da humanidade é para controlar a natureza mas como esta última prova vezes e vezes sem conta um gajo não ganha a guerra apesar de ir acumulando umas batalhas.
Isto não é, também, um pedido de regresso à caverna (de onde se calhar nunca saímos mas isso é uma outra conversa). Isto é a constatação de que há muitas coisas que o nosso corpo de milhares de milhões de anos compreende e que a nossa consciência recém nascida não consegue acompanhar.

A MENTE

Pelos vistos, apesar de gostos e modas e tudo o resto, continuamos - nós, homens - à procura de uma boa anca parideira. Sim, eu sei, é esquisito porque, supostamente, também no caso da beleza são ditadas modas (gente transparente na idade média porque não precisava de trabalhar ao sol e o desespero por apanhar uma cor, agora; gente gorda quando isso era prova de que se tinha para comer e o desespero por ser como um pau de espeto, agora) mas estudos revelam que é isso que os nossos olhos procuram.
A sequência de Fibonacci não é muito diferente; esta sequência veio demonstrar o que a nossa cabeça não precisava de explicar porque fazia-o sem ciência: a simetria do rosto para o entendermos como belo.

Há muito mais exemplos desta destreza inata: há estudos, por exemplo, que revelam que ficamos com pele de galinha quando perto de um psicopata mesmo que não saibamos que o é porque é a reacção de uma presa ao predador; quando ficamos nervosos não tentamos que as mãos fiquem frias mas elas ficam porque o sangue corre para as pernas para se preparar para fugir.

Esta ideia de hoje (assumo que não sei se bem enquadrada) resultou de uma estatística que vi hoje à hora do almoço.
Nos Estados Unidos, a esperança média de vidas dos brancos está a aumentar de forma lenta mas a dos hispânicos e pretos está a aumentar de forma mais acelerada.
Contra-intuitivo, certo? Os brancos terão mais acesso a medicina (particularmente verdade no caso dos EUA) e a melhor alimentação e a melhor higiene e por aí fora - estas apreciações resultam da análise estatística dos rendimentos das raças no País.
...bem, mais ou menos...
A conclusão a que se chegou e que seria a primeira que me ocorreria para um facto tão estranho como este foi mais ou menos esta: expectativas!

Os pretos e os hispânicos (contexto americano, novamente) não sentem, historicamente, que o sistema esteja montado a seu favor. Começando na escravatura (para os pretos) e na imigração mais recente (para os hispânicos), então apesar de poderem lutar por uma vida melhor com todas as forças que tenham não esperam que ela aconteça por muito que lutem ou por pouco que lutem.
Podem ter esperança mas sabem que a probabilidade não é essa.
Os brancos têm uma memória colectiva muito diferente pelos motivos opostos aos que descrevi (look up WASP). O sistema estará montado para os beneficiar, pelo que, na sua cabeça, é uma constante melhoria de geração para geração, melhoria que até pode depender do seu esforço mas têm constatado, com custo, que estão mais ou menos no mesmo barco que os hispânicos e os pretos: a vida não é linear nem garantida.

O corpo é melhor tratado mas a mente fode-o de qualquer maneira.

O exemplo português não tem estatística e nem sequer é, tanto, uma questão racial mas eu fui criado por gente que achava que um curso superior iria resolver tudo porque havia míngua na geração anterior.
Então, a realidade apareceu: o canudo ajuda mas já não resolve como resolvia quando havia meia dúzia deles por cada cem pessoas.
Então, a minha geração está perdida, não no sentido metafórico de foi tudo com o caralho (ainda que possa ser) mas no sentido metafórico de que não sabe para onde ir.

Graças a cenas, desde cedo gostei da Teoria do Caos que me impede de achar que apesar de ser muito frequente que 2 + 2 sejam 4 não é sempre assim.

IA FICAR POR AQUI MAS MUDEI DE IDEIAS

Dentro do assunto nuances que adoro e visto de fora às vezes sinto que me faz parecer o pedante e intelectual que me desagrada, por pouco sexy, vamos perder 2 minutos com o Carpe Diem.

Eu detesto o Carpe Diem enquanto conceito de vamos viver cada dia como se fosse o último, É estúpido e ridículo. Destinado a impressionar miúdas adolescentes ou pouco desenvolvidas para coisas como pá, a vida é uma só! Vamos foder agora porque amanhã nem sabemos se estamos vivos!
Ora,
dá-se que, de facto, não sabemos mesmo se estaremos vivos amanhã... e nestes termos, o Carpe Diem não é estúpido...

É mais ou menos confuso mas vou tentar explicar:
Não consigo garantir a ninguém que estarei presente até ao fim dos seus dias da mesma forma que não posso garantir que quando acabar esta linha não terei um enfarte.
(não tive)
Não posso jurar para sempres porque não sei se isso existe ou se vai acontecer.
O que posso fazer é isto: Eu acredito, hoje e agora, que vai ser para sempre.

Resume-se um bocado a isto: Acreditar.
São juízos que fazemos neste momento e que não podemos garantir amanhã mas nunca podemos garantir o amanhã sendo certo que podemos garantir o agora.
Isto talvez seja um enorme embuste que criei para tentar ordenar o que, por si, não tem ordem mas todos precisamos de saber coisas e acreditar em coisas e trabalhar por coisas (caso contrário nem religiões haveria...).

Não é porque amanhã pode vir um tsunami e foder tudo que não devo construir uma casa agora;
Não é porque amanhã pode aparecer a Monicca Belucci 15 anos mais nova (podemos sonhar, certo?) que não devo comprometer-me contigo agora porque é isso que quero fazer;
Não é porque amanhã pode ocorrer de levar um tiro que não devo sair de casa agora.

Mais uma vez: pode ser um enorme embuste que criei para não paralisar perante a aleatoriedade de tudo que nos envolve mas, como ouvi o Pacino no Um Domingo Qualquer - You see it before you do it; You see it, you do it!
O que não consigo é não ver e fazer que é o rudimentar do Carpe Diem...e se eu não vejo não faço.

Não fumei nada, JURO!

...e Oldie But Good

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