Nada De Novo
Sou um gajo simples, ainda que não necessariamente fácil, por isso o que me aflige é sempre a mesma coisa ou as mesmas coisas - tendo a evitar o plural porque apesar de mais do que uma coisa elas não são muitas.
Por norma, tenho muita facilidade em ver o destino que um determinado caminho vai dar e confio quase plenamente no que acho. Infelizmente, como o retrovisor do meu carro, tenho um ponto morto que não consigo ver mas, contrariamente ao referido retrovisor, o problema não é de reflexo mas de vontade.
Trocando por miúdos:
a proximidade implica uma visão mais afunilada do quadro e impede que se veja o que o conjunto das pinceladas formam e porque tenho noção dessa proximidade tenho mais dificuldade em estar seguro de ver o que está lá.
O receio é o do costume: não conseguir ver o que é óbvio.
A solução - ou pelo menos o que parece mais viável - seria dar uns quantos passos atrás; criar algum espaço entre mim e a obra só que isto levanta-me um outro problema (já não um receio) e que é o de que distanciar-me tende a fazer com que perca a vontade de me aproximar novamente, em regra geral.
Ora, pelo que descrevi torna-se claro que ambos os preços são, potencialmente, altos:
1. não sei se vejo o que lá está;
2. conseguindo ver o que lá está tornar-se-á irrelevante porque me dá espaço e tempo para pensar.
É uma merda.
Até hoje, a minha incapacidade de viver desagradado com os meus actos nunca perdeu, independentemente do custo.
O quão desagradado poderei ficar até detonar? É muitas vezes essa a questão.
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