Tuesday, June 14, 2016

A Minha Relação É Especial!

Nestes dias que se passaram, enquanto falava sobre a minha relação com a minha família ouvia o contraditório sobre a relação de outra pessoa com a sua família.
Talvez noutra altura diga qualquer coisa a respeito da minha parte mas ouvi da outra: a nossa relação é especial!.

Voltamos sempre um bocado ao mesmo...toda a gente se acha especial e particular e incomum, facto que me faz sempre pensar onde andam as pessoas comuns e, neste caso, onde andam as relações familiares comuns?
(na verdade, volto a ter vontade de carregar nas pessoas que são tão especiais que entendem relevantes todas as horas do seu dia e todas as actividade...olá FB, ódio de estimação, mas conter-me-ei).

Nas descrições das relações familiares, tenho ideia de ter ouvido duas apreciações:
A minha é uma merda;
A minha é especial.
Normal? Nenhuma.
É legítimo que eu ache que tenho a melhor Mãe do Mundo mas é menos legítimo acreditar cegamente nisso e, reparem, eu tento mesmo ver o que me rodeia e estou plenamente convicto que a minha é manifestamente melhor que a maioria. Jurar? Não posso.
...mas a verdade é que todos acham isso mesmo da sua.
Em alternativa, há quem ache que tem uma Mãe de merda e, as mais das vezes, essas pessoas não estão enganadas mas poderão estar ao considerá-la a pior da mesma maneira que quem pensa o seu contrário.
...mas a verdade, às vezes, é que essas Mães nem são assim tão más só que a quem dói, dói mesmo e é um assunto pouco dado a contenção.

Enfim: normal, não há.

Vou tentar particularizar com poucas hipóteses de ser bem sucedido ou, sequer, inteligível:
O que eu quero para os meus é que sejam capazes de fazer tudo sem o meu auxílio. 
A ideia de que não sou necessário não me deixa nem remotamente satisfeito mas entendo que o melhor é que não necessitem. Afinal de contas, às vezes não estou e haverá um dia em que mais do que não estar naquele momento deixarei de estar de forma alguma.

A ideia vigente, contudo, é que a relação é tão mais especial quanto mais umbilical (volto já a isto). A ideia vigente é que quanto mais input houver na vida uns dos outros mais próximos e mais cenas são.
Não. Não. 
Temos de ter consideração pelos outros mas não depender do que os outros pensam de questões que sejam completamente pessoais. 
Ouvir opiniões, sim. Decidir por quórum, não.
(e vamos voltar)
A ideia do umbilical nunca é boa.
É má porque reflecte dependência;
É má porque não reflecte o que se diz.

Quanto à segunda asserção, é, também ela, um clássico:
o pessoal quer parecer envolvido mas não estar envolvido.
Quer ser ouvido quando não chateia muito. Quer estar envolvido quando não é demasiado penoso.

Ninguém é normal, certo?
Errado. NORMAL é a NORMA.

Não dá para acabar uma cena destas sem Egocentrismo, certo?
Ok, é mais forte que eu.

Eu não sou o mais comum dos seres mas não me vejo como especial.
As minhas características e predicados não são, em si, incomuns mas o volume deles, é.
De qualquer forma, veja-me ou vejam-me como me virem, eu tenho muito de comum com todos os que me rodeiam...mesmo considerando que sou uma espécie mais esquisita.
Os meus braços são braços, ainda que possam ser maiores ou mais grosso;
Os meus olhos são olhos, ainda que sejam mais claros do que a maioria dos olhos.

Percebem?

...acho que só sou único porque não acho que seja único.

E vamos acabar com Arte (se me lembrar, o próximo post será sobre isto)

0 Comments:

Post a Comment

<< Home