No anterior coloquei o Marcello Gonçalves a tocar.
Ora, sendo certo que nenhum dos dois é verdadeiramente famoso, o Yamandu Costa é manifestamente mais conhecido e mais reconhecido.
Não é esquisito que o seja mas eu prefiro o Marcello.
Não estou pronto para uma profunda análise técnica ao que qualquer um deles faz mas posso fazer uma superficial ou, talvez mais honesto, posso dizer o que acho da coisa.
Então,
o Yamandu parece (pelo menos parece) muito mais virtuoso (sinónimo de mais rápido, normalmente) que o Marcello e, como acontece muito frequentemente com quem é muito dotado em qualquer coisa, para mim exagera porque ainda não terá aprendido a segurar-se; com o Yamandu, a música em si perde-se entre os milhares de notas que ele consegue produzir;
o Marcello poderá ser menos virtuoso (não me parece, de todo, pior guitarrista) mas a melodia nunca fica perdida; a melodia é embelezada mas não desaparece como o elemento central daquilo que é uma música: a melodia.
Poder-se-á extrapolar daqui para muita coisa, desde o futebolista egoísta porque finta melhor que os outros mas, ainda assim, vê a sua equipa ser derrotada, até ao rato de ginásio que entende que o melhor de foder é o comprovar do seu óptimo cardio e a saliência dos próprios músculos.
Em relação à escrita, assunto ao qual sou particularmente sensível, às vezes a coisa é assim e outras é pior:
- há gente que sabe muita e muita coisa; há gente que controla muitas e muitas palavras; há gente que tem muita e muita cultura mas não lhe é possível transportar isso até aos olhos dos outros porque provar é melhor que ser entendido (estes são o é assim);
- há gente - esta, muitas das vezes, o antónimo do que escrevi anteriormente - que pensa que o melhor é não ser entendido porque não há densidade no que mais de 2 pessoas entendam; estes não têm a profundidade de quem sabe mas antes a ligeireza de quem quer parecer que sabe (coisa bem menos cansativa, de resto) - estes são o é pior.
Acabando mais ou menos onde comecei:
Marcello Gonçalves sobre Dino 7 Cordas:
Acho que a maior lição do Dino é que ele consegue a façanha de se destacar sem nunca invadir o espaço dos outros instrumentos ou do cantor. Ao contrário, ele os valoriza. Suas gravações são clássicas não só porque ele toca muito bem mas porque ele faz os outros tocarem e cantarem melhor.
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