Monday, August 08, 2016

Legendas

Tive um jantar que serviu, também, para que amigas conhecem...bem, conhecessem uma pessoa. Juntou-se o útil ao agradável e pronto.
Uma das amigas presentes não é tão minha amiga como as outras, pelo que ligo-lhe menos e penso menos (bem como tenho menos atenção) naquilo que diz.

A dado momento, disse isto:
Ele é assim no dia-a-dia?! É sempre assim?
- Oh L, conheces-me há uns 20 anos. Achas que sou diferente daquilo que conheceste sempre?!
...e andou.
Nem perdi mais tempo a pensar nisso.

Noutra altura, quando toda a gente saiu da mesa por momentos, disse-me:
K, estás in love?
- É óbvio!
Continuei a não ligar grande coisa mas, no dia seguinte, isto continuava a martelar-me, sem que grande motivo para isso houvesse por falta de importância do emissário.

Ora,
como não sou bom a deixar para lá:

Na primeira, e vaga, apreciação que fiz do que foi dito a única palavra que me lembrei foi estúpido.
Uma pessoa que me conhece há 20 anos e tem dúvidas de como eu sou no dia-a-dia é estúpido;
Uma pessoa que me conhece há 20 anos e que só viu/soube que como gajas e que ando permanentemente sozinho pensar que poderia não gostar de quem me acompanha é estúpido.

O que se terá passado, contudo, foi uma outra coisa. Uma coisa comum mas que, por vezes, me esqueço.
A L tem 40 anos (parece-me...), está mais gorda do que o que já foi e não tem filhos nem uma relação.
Parecido com a L, eu só em casos muito esporádicos tive uma relação e o meu feitio não é dos melhores nem sou das pessoas mais calmas do Mundo.

O que terá acontecido?
Bem... 
Ela pensa que para que, nesta altura, tenha deixado de andar sozinho terei precisado de mudar alguma coisa;
Ela pensa que é possível que eu tenha pensado bem, estou em idade de assentar e, por isso, atraquei-me ao que apareceu de mais razoável.
Nada disto aconteceu.
Nada disto poderia ter acontecido.

Porque ela se sente sozinha e está disposta a pagar por companhia, pensou que eu também estaria.
Para chegar a uma conclusão deste tipo, só teve de ignorar tudo o que sabe e soube sobre mim; para chegar a uma conclusão deste tipo, só teve de imaginar que quem conhece e conheceu deixou de existir.

...e horas depois,

A inveja é fodida, puta! disse eu a um gajo da caixa de um bar onde fui, quando estava a pagar.
Sim, o gajo irritou-me;
Sim, o gajo mereceu o que lhe disse;
Sim, o gajo acobardou-se;
Sim, entre ele e os seguranças do estabelecimento, a merda podia ter-me corrido muito mal...

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