Friday, October 07, 2016

Matar Com a Cura

Em geral, estou contente com o que tenho e com o que sou.
É verdade que gostaria de ter mais umas coisas e de ser um pouco diferente em alguns quesitos mas, em geral, será das poucas coisas das quais não me queixarei.

O meu crescimento - ia dizer evolução mas não sei se o foi - empurrou-me para longe de muita coisa e de muitas pessoas; coisas das quais não sinto falta e pessoas das quais não sinto, sequer, a ausência.
Estes dois factos não me chateiam mas já me chateia, de vez em quando, a incapacidade de ficar contente com coisas relativamente fáceis de arranjar...
Por exemplos:
1 Conseguir os elogios de alguém não é assim tão difícil, basta dar um primeiro a maioria das vezes.
Não me excito com elogios.
2 Um fato Boss é top. É meio caro (escolhi Boss para não falar em coisas realmente estratosfericamente caras) mas fazível. 
Não me excito com coisas.

Ou seja:
apesar de não ter vontade de voltar a ser o que já fui e de nem sequer achar que isso é possível, não é menos verdade que estes prazeres tornam a vida mais agradável quando o são.

Ora,
porque não é minha intenção indicar este tipo de caminho a ninguém, evito falar longamente sobre o irrelevante de quase tudo o que nos rodeia porque as pessoas estão inseridas num meio bem menos inóspito quando agregadas numa manada que aprecia as mesmas coisas.
Se todos derem um enorme valor ao FB terão isso em comum uns com os outros;
Se todos derem um enorme valor às baboseiras que o Marcelo diz terão mais pontos de contacto com a próxima pessoa que falar.
....é triste mas a maioria de nós não está preparado para a solidão que existe mas que estas cores garridas vão disfarçando.

Acontece que a intenção que disse ter e que tenho fica prejudicada com o convívio intenso.
Se estiver e passar tempo suficiente com uma pessoa ela vai acabar por ouvir a minha ideia pós-apocalíptica ao estilo Mad Max do Mundo em que vivemos.
Ah, mas ouvir o que tu achas não faz com que fiquem a achar o mesmo, K! parece que ouço mas, como de costume, estarão errados.
Aqueles e aquelas que me ouvem e discordam de forma acérrima não estarão muito tempo por perto...não porque as afasto mas...
Ok, pensem nisto:
Alguém acredita que eu poderia ter um convívio intenso e prolongado com um fanático católico ou cientologista? 
É mais ou menos a mesma coisa.

O problema é que eu não quero que apanhem este vírus.
É certo que eu acho que estou certo na minha visão selvagem do que nos rodeia mas quebrar a ilusão é uma merda para quem a tem construída.

K...não sei bem o que se passa.
Muitas das coisas que me deixavam animada já não deixam; ir jantar não sei onde deixava-me mais contente; ir de férias com os meus amigos deixava-me mais contente e desta vez não gostei muito...
- Não me surpreende mas lamento. Era mais ou menos inevitável. Deixaste de achar interessante as coisas que tinhas em comum com muitas pessoas...lamento...

E lamento mesmo.
Se acho que ela está mais preparada para o que a rodeia porque agora vê melhor o que a rodeia?
Acho.
Se acho que é melhor ver o que a rodeia?
Não sei...

Novamente: a vida é mais fácil quando se tem mais em comum com os outros mas, infelizmente, raramente é um caminho com retorno.
É por causa disto que há uns posts atrás disse que alimentava algumas fraquezas nas pessoas de quem eu gosto. É melhor. Elas sentem-se melhor. Quem as rodeia sente-se melhor.

Felizmente, sempre que posso, Só Danço Samba:

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