Friday, November 25, 2016

Henry David Thoreau

(o título parece que nos mandará para uma cena intelectual, o que nunca acontece)

É, mais ou menos, público que não tenho um particular apreço pelos profissionais que fazem o mesmo que eu.
O primeiro motivo é o de que são, normalmente, chatos;
O segundo motivo é o de que se têm, por hábito, em demasiado boa conta;
O terceiro motivo é o de que são pessoas como as outras.
(poderia elencar mais motivos mas não me apetece)

Então,
infelizmente, tenho de contactar com alguns dos companheiros de profissão por muito que tente evitar e por muito que seja bem sucedido nas tentativa.
Quando vou para o lugar primordial de desempenho das minhas funções, vêm-se rebanhos deles (deveria dizer nós mas não consegui) agrupados, o que é normal porque terão muito em comum.

Eu opto por me sentar longe e olhar para o tecto. De vez em quando sou forçado a fingir que estou ocupado ao telefone ou a ler qualquer merda de última hora.
A minha paciência para estar a ouvir histórias de guerra onde cada um dos declaratários é o herói chateia-me; a minha paciência para gente que só faz magia e que não caga ou, se caga, a merda cheira bem, chateia-me.

O problema não são eles.
O problema sou eu.
Não me estou a vitimizar nem a dizer que sou super especial. Acredito que quando a maioria aponta para um lado, sendo nós gregários, deve seguir-se com a manada.
Novamente, o problema sou eu.

Ontem tive de fazer uma dessas infelizes deslocações e voltei a olhar para o tecto num lugar afastado. Felizmente, não tive de fingir que estava ocupado.

Depois, lá fui eu desempenhar funções.

Quando fui para a labuta, estavam lá mais 3 labutadores.
Os labutadores foram falando, um de cada vez, e todos (sem excepção) explicaram a cagada que tinham feito desta forma:
Hmm..tenho de ver. Não fui eu quem fez isso. Foi o X (nuns casos) ou foram os nossos colaboradores de Lisboa (noutros casos).

Isto deixa-me em brasa...
Não foi o X nem foram os gajos de Lisboa! Para todos os efeitos foram vocês! 
Se, depois, quiseram foder a cabeça ao X ou aos gajos de Lisboa, fodam mas aqui o X e os gajos de Lisboa são vocês!
Não estive presente numa situação em que eles eram os heróis...foi galo...devo ter dito azar...
Já tinha entrado quentinho por me terem obrigado a lá ir; depois do que descrevi fiquei, como disse, em brasa e a coisa azedou.

Ainda quanto a este assunto:
há uns tempos fui a uma cena comer e a coisa demorou mais do que devia.
Disse desculpe, disseram-me que ia demorar 10 minutos e já passou bem mais que isso e disse-o sem agressividade. Só disse.
Se me tivessem respondido tem razão, desculpe ou sim, está um bocado atrasado, desculpe ou enganei-me no tempo que lhe disse, desculpe a coisa não teria escalado. É o que é. E se forem educados, não sou de pisar em gente para nada.
Não me responderam nada disto.
O que me disseram foi não tenho culpa. A cozinha está atrasada, hoje. Eu já fiz a minha parte! ao que respondi, menos amistosamente, e? Se tu não tens culpa, menos tenho eu. Eu nem sequer trabalho aqui... preferes que me vá queixar à cozinha?! e o gajo respondeu-me que se quisesse ir, que fosse.

Não me conhecia. 
Eu fui.

Depois de me ter deslocado à cozinha - ficaram de boca aberta - ainda fiz a festa do Livro de Reclamações e passei pelo agora, chame-me quem manda em si para terminar com um pronto. Feito isto, não ponho mais os pés neste pardieiro.

A reacção foi excessiva?
Bem, será discutível mas não me arrependi, coisa que quando o sangue me ferve acontece.

Ah, ia-me esquecendo.
A referência ao Thoreau:
ele foi para a floresta para provar uma cena e eu queria ir para não ter de aturar gente. 

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