HIPOCRISIA & REALISMO
HIPOCRISIA
Por este dias, fui almoçar com um amigo que me contou o que se passava com uma terceira pessoa (mulher).
A primeira fase, que já conhecia, era esta:
Ela casou-se e, de forma triste mas normal, o casamento não correu como pretendido (acho que cheguei a saber porquê mas não me recordo).
Divorciou-se? Sim.
Ficou por aqui? Não.
Por este dias, fui almoçar com um amigo que me contou o que se passava com uma terceira pessoa (mulher).
A primeira fase, que já conhecia, era esta:
Ela casou-se e, de forma triste mas normal, o casamento não correu como pretendido (acho que cheguei a saber porquê mas não me recordo).
Divorciou-se? Sim.
Ficou por aqui? Não.
Esta pessoa mexeu todos os cordelinhos que conseguiu para se descasar perante Deus, o que é o mesmo que dizer que foi atrás do cancelamento junto do Vaticano.
Não falhou no casamento para sempre, conseguiu não se ter casado, aos olhos da Igreja.
Poderia dissertar sobre o quão parvo isto é mas não o farei. Esta história não serve para isso; esta história serve para perceberem de que tipo de pessoa estamos a falar, quanto a crenças (ou convenções da pequena sociedade em que se insere).
Isto não me surpreendeu mas ri-me, quando soube.
Não me ri da desgraça do falhanço. Ri-me da mentalidade mesquinha de fingir que não aconteceu o que aconteceu (ok. Tive de aludir a parvoíce, o que lamento).
A segunda fase, que descobri, é esta:
Ela, depois, arranjou namorado.
Ela, agora, está grávida. Ela está grávida fora do casamento! Relembro que se pode casar, novamente, pela Igreja porque, antes, não contou.
Isto tem graça.
Acho que, na definição católica da coisa, a criança será bastarda.
Quem me contou disse-me que isto não poderia ter acontecido a melhor pessoa. É uma oportunidade que a vida lhe dá para ultrapassar preconceitos parvos.
Respondi-lhe que era bom que assim fosse e espero que assim seja...mas não boto fé. O que me parece que vai acontecer, conhecendo a peça e outras peças do tipo, é que vai ocorrer uma racionalização: "Filhos fora do casamento são péssimos! No meu caso aconteceu assim porque... e enche com uma qualquer justificação que não existe.
Ele acredita nas pessoas como acha que podiam ser.
Eu acredito nas pessoas como elas são.
Para ilustrar o que queria dizer, contei-lhe que algumas das gajas que vi fazerem campanha contra o aborto, acompanhadas dos não abortados tinham feito um ou outro em Espanha e, presumo, acreditavam que se fosse fora do País não contava porque Deus está em todo o lado mas não passa fronteiras.
A racionalização que encontraram para justificar o pecado eu não conheço mas deve ter havido alguma.
O título é mais uma previsão do que um facto:
Ela pode mudar com este choque e espero que o faça...só não acredito.
Morrer muda tudo. Quase morrer não muda nada.
House, MD.
REALISMO
Quem por cá passa e quem me conhece relativamente bem há-de estar, volta e meia, tentado a achar que exagero ou, até, que minto quando conto algumas coisas.
Já me disseram que esta cena onde escrevo é só gajas e, de vez em quando, acho que é verdade. (In)Felizmente, tenho muitas para contar e gosto muito de mulheres. Essa é uma das justificações.
Além do descrito, a sabedoria popular ensina que quem muito fala, pouco faz e apesar de eu só falar alguma coisa com quem tenho confiança - ou com quem não conheço de todo, como vocês - poderia enquadrar-me neste conceito; às vezes temo que o faça e redobro a atenção.
Então,
trabalha comigo quem trabalhava, antes, no mesmo edifício onde eu também trabalhava. Devemos ter-nos cruzado mas nenhum se lembra um do outro.
Há bastante tempo, enquanto falávamos desta proximidade que nunca deu em toque:
- Sim, K, trabalhava lá. Trabalhava comigo a X que era assim e assado (não me lembro de pormenores quanto a isto nem como chegámos à X).
Dela lembro-me. Cruzei-me algumas vezes com ela no corredor. Ela lembra-se de mim.
- Hmm...será? Eu também trabalhava lá e com ela e não tenho nem ideia de te ver!
Eu sei. Já te disse que também não me lembro de te ver. A X sabe quem eu sou de certeza!
Passou-se muito tempo e, hoje, passámos no tal edifício onde a tal X ainda trabalha e encontrámo-nos com ela.
Fiquei um bocado de parte, para as deixar falar, e depois aproximei-me.
- Tu não trabalhavas aqui? Lembro-me de ti...
Sim. Olá, sou o K.
Porque sou um bocado mesquinho, quando saímos de onde estava:
Vês? Não te disse que sabia quem eu era?
- Pois... Não percebo.
Ela achava-me graça. É por isso que ela se lembra.
Não fui iludido. Fui como sou: realista.
Poderão pensar que fiquei contente por ela se lembrar de mim e tal e estarão enganados. Entendam, não é que não goste e que não tenha achado graça mas não foi o mais relevante.
O mais relevante é que eu vi o que estava lá e não sonhei.
Good times!
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