Meia Idade
Ah, K, abichanaste para estar a pensar nisto quando ainda nem sequer lá chegaste?
E a resposta a isto é nim.
É verdade que ainda lá não cheguei mas também não estou longe.
É, ainda, verdade que a idade em si não me diz muito e a única coisa que me chateia é a degradação do corpo; não a degradação física em termos externos mas a outras, aquela que me impede de andar a varrer noites seguidas e me empurra para ressacas mais violentas.
No resto, a idade, em geral, tem sido boa para mim.
Voltando,
o caminho que me parece estar a seguir há tornar cada vez mais evidente a minha natureza eremita.
No extremo - que nem sei se é tão extremo assim -, poderei acabar por ir para uma cabana no meio do mato e rodear-me de livros ou ir viver em baixo de pontes por esse Mundo fora.
Ah, K, foi isso que te preocupou! e estarão errados.
O que descrevi não me preocupa muito.
Faz sentido e se é verdade que não é algo que deseje, não é menos verdade que também não é algo que me tire o sono.
O que me bateu foi uma outra coisa:
Estou a meio de uma fase de merda e, visto de fora, não contribui para ela de forma nenhuma.
Porque, aparentemente, não contribui para isto teria carta branca para culpar o devir e o fado e o Mundo e a justiça e todas essas merdas que são vulgarmente usadas.
MEU DEUS, PORQUÊ EU?!
....e eu até gostava de me permitir estas coisas.
O que acontece, de facto, é que apesar de aceitar que posso não ter contribuído para a situação o que me assola é sempre que também não fiz o suficiente para a evitar ou para que outra rumo tivesse sido encontrado.
Não me é possível culpar os outros ou culpar coisas invisíveis pelo que quer que seja.
E foi aqui que surgiu o stress: de vez em quando, como todos os seres imperfeitos, dou por mim a pensar por que não me aconteceu isto a mim?! ou por que me aconteceu isto a mim?! ou que mal fiz eu?! e sinto-me o maior dos idiotas!
Se eu tiver uma crise de meia idade e tiver de assumir, sozinho, todos os falhanços ou tudo o que queria da vida e não tive, estou completamente fodido!
A minha esperança é que a minha racionalidade não me abandone e que, por isso, a Crise não me visite.
Aliás, é a minha esperança e a esperança de quem me rodeia apesar de quem me rodeia desconhecer.
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