Tuesday, October 24, 2017

Um Primeiro Mundo de Drogados

Há uns tempos, Ela teve uma cena qualquer que nos forçou a ir ao hospital.
Chegados, uma conversa com a médica e umas análises ordenadas e que tais.

Durante o breve contacto, para tentar encontrar a causa próxima do evento, a médica perguntou como Ela se sentia e a resposta foram lágrimas.
Se calhar está com um princípio de depressão disse a médica; não está deprimida coisa nenhuma respondi eu.

É a isto que chegámos.
Alguém tem uma quebra de cenas; alguém está a passar uma fase desagradável no emprego; alguém vê uma pessoa próxima morrer...e está deprimida.
Não, caralho! 
As pessoas ficam tristes e é bom que fiquem tristes. A depressão é uma merda diferente.

Aquela médica - e, suponho, muitas outras - achou que o melhor seria diagnosticar uma depressão em 10 minutos e, provavelmente, medicar porque é assim que se resolvem as merdas nos países desenvolvidos: medica-se a dor, seja ela qual for e independentemente da sua origem.

K, como sabes que não estou em depressão? 
- Porque eu sei o que é uma pessoa deprimida e sei o que essa merda traz. Tu estás triste e podes, até, vir a ficar deprimida mas AGORA não estás! 

Nós, civilizados, estamos a desembocar numa bichanice que não tolera qualquer tipo de maleita, dor ou contratempo.
Morrem meia dúzia de pessoas na Europa e é o fim do Mundo quando morre muito mais gente por hora em lugares bem mais inóspitos que continuam com a sua vida.

Notem:
Não me oponho a medicamentos nem aos avanços civilizacionais. 
Também eu tomo medicamentos mas só os tomo quando preciso.
Não ando a tomar merdas quando tenho alguma dificuldade em adormecer nem quero anti-depressivos quando a vida me corre mal.

Notem:
Não defendo, também, um regresso a uma barbárie que ainda persiste em outras partes do globo mas temos de arranjar uma pele um bocado mais espessa.
Não podemos tornar-nos na gente que é demasiado sensível e que só pensa em dar a outra face.

Com todos os problemas modernos e inerentes, a nossa vida ocidental é capaz de se ter tornado demasiado fácil para o nosso próprio bem.

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