Monday, February 05, 2018

"K, eu sustento-te"

Hoje é um dia em que não tinha vontade de trabalhar. 
Todos nós passamos por isto, é seguro; a mim, quando me acontece, fico com o ar mais miserável do Mundo. Fico sempre com ar mais miserável do Mundo quando me deparo com o que não tenho vontade de fazer e não tenho como evitar.

Como estava com um ar muito infeliz, Ela disse-me K, eu sustento-te e vais fazer o que quiseres. Nem sequer sais caro.
Uma das afirmações é absolutamente verdadeira, por comprovada, e a outra parece absolutamente verdadeira, por não comprovada.
É verdade que eu saio barato porque não quero nem preciso de quase nada (cigarros e café?);
Parece absolutamente verdadeiro que Ela me sustentaria para eu fazer o que me fizesse feliz.
(não me debruçarei sobre isto porque não é o que me traz aqui mas a vontade de me fazer feliz é algo que muito aprecio...ainda que tal seja impossível).

O problema com o qual me confronto é simples: o que potencialmente me faria feliz é impossível.
Preferia escrever do que fazer o que faço;
Preferia tirar fotografias do que fazer o que faço.
Nenhum destes casos, se se transformasse na minha vida, me traria felicidade porque vivo no Mundo real e não no imaginário.

Escrevo quando quero.
Porque não retiro nada além de prazer quando o faço, é óptimo!
Se não vier cá hoje, é relaxado.
Se não vier cá durante um mês, relaxado é.
Agora...e se escrevesse para alguma publicação? E se escrevesse para uma editora? E se tivesse de dar satisfações quanto ao que faço e por que faço e quanto ao que escrevo e por que escrevo?

Tiro fotografias quando quero.
Não edito nada. Não tiro fotografias a nada que não tenha vontade.
E se quiserem que eu tire fotos a grupos?
E se quiserem que vá tirar fotografias a um jogo de basebol?
E se - meu Deus... - quiserem que vá fotografar um baptizado?

Percebem?
Em teses, fazer uma destas duas coisas seria melhor mas as limitações que encontro no meu dia-a-dia encontraria noutro lado e a fazer outra coisa,
E certo que poderia não ser igual mas a minha vontade não seria o início e o fim de tudo e isso.
E porque haveria sempre constrangimentos, nunca se daria o caso de ser feliz.

Se eu imaginasse que ser sustentado me resolveria o problema - e esqueçamos, por momentos, o enorme empecilho que seria eu sentir-me dependente... - ponderaria mas não confio que o faça.

Sou muito filho da Luxúria e a Luxúria não se compadece com as regras que nos encarceram.

De todo o modo, direi sem grande pesar que estes oásis livres de monetarização me são muito caros.
Eu prefiro preservar este pequeno espaço em que as amarras não tocam de forma nenhuma do que conceder que uma ou duas lhes toquem.

Pode ser que amanhã acorde mais bem disposto.

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