NOVO BANCO E IMPREPARADOS
Estive a ver, ainda que não de forma completa, o programa do José Gomes Ferreira que, desta vez, versou sobre a venda dos imóveis do Novo Banco a um fundo que, aparentemente, pertence ou tem ligações ao principal accionista do Banco.
...esta é uma das coisas que me faz desacreditar dos especialistas e comentadores das televisões e dos jornais: sempre que o assunto de que tratam está dentro daquilo que conheço - e nem precisa de ser profundamente - chego à conclusão de que de especialistas e conhecedores têm muito pouco...e fico a pensar as alarvidades que dizem sobre assuntos em relação aos quais nada sei.
O grande choque deste assunto foi a diferença entre o que os imóveis valiam e o valor pelo qual foram vendidos.
Pois bem, este negócio foi igual a tantos outros e o que os imóveis valiam não é, de facto, o que valiam na vida real porque, se fosse, o Banco tinha-os vendido...
O que se passa é o seguinte:
Os imóveis foram inscritos como tendo um determinado valor aquando da garantia para que serviram e para justificar o crédito que, entretanto, foi incumprido;
O magote dos imóveis é vendido, por atacado, pelo valor que alguém paga por eles;
O Banco encaixa dinheiro fresco e liberta provisões que tem cativas - i.e. dinheiro preso.
Quanto ao valor foi isto que aconteceu e acontece todos os dias.
O que poderia (e deveria, talvez) merecer ênfase seria:
1. quem é o fundo e quem é o seu dono (questão transversal que não serviria apenas para esta questão)?
2. será que porque o Novo Banco sabia que a diferença contabilísta e efectivamente recolhida seria compensada pelo Estado preocupou-se menos?
3. como se admitiu um acordo/venda nos termos em que o foi, especialmente considerando que, provavelmente, depois de tudo isto o Novo Banco ainda acabará nacionalizado?
Há mais perguntas a fazer, claro mas, uma outra vez, transversais.
Não se dará o caso de as avaliações dos bens que vão garantir um empréstimo serem feitas de forma a que correspondam ao valor que se quer mutuar?
Não se dará o caso de a cegueira de novos créditos e novos clientes (dois dos principais indicadores para a avaliação das acções pelo mercado) levar a um comportamento de Casino?
Eu sei, eu sei: é muito mais impressionante dizer que alguém comprou por metade o que valia o dobro mas ainda que seja impressionante não torna a questão digna de interesse.
Houve quem oferecesse mais e preferiu-se a pior proposta? Parece que não mas isso não interessa.
Foi para não vender por menos que o Novo Banco financiou a aquisição, tornando, assim, o custo de capital inferior para o investidor que, assim, pagou mais? Não se sabe...
Podem, chegado aqui, presumir que tenho uma qualquer preferência por bancos e banqueiros.
Não tenho.
Tudo que vem do Novo Banco cheira mal, incluindo este negócio dos imóveis...mas o principal problema não é o preço.
O principal problema é que, para o que escrevi, é que quem vem dar notícias ou é ignorante ou vende o interesse em benefício das audiências; devo confessar que acredito ser uma mescla de ambos.
A informação é nenhuma.
O sensacionalismo é o mais possível.
Para terminar, porque estou a ficar cansado, fico estupefacto com a superioridade com que os meios de comunicação social sérios olham para a CMTV, por exemplo.
Aceito que o ALERTA CM para uma unha encravada numa velha está um metro à frente do que os outros fazem. Mas só está um metro.
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