Longe
Não que me sinta deslocado onde me movimento, não que me pareça que esta (o planeta e não este lugar em específico) não é a minha casa... apenas me sinto muitas vezes longe.
A minha humanidade está meio que perdida, anda no meio dos escombros, umas vezes porque não a quero e outras vezes porque ela não me quer.
O que me aproxima de pessoas manifestamente diferentes de mim é esse toque de vulnerabilidade, essa demonstração de que o meio ambiente os afecta e os deixa realmente tristes ou alegres.
Eu sou um tipo intenso, quero muito ou não quero nada, tenho muita vontade ou não tenho vontade nenhuma. Algumas vezes pergunto-me se estes sentimentos extremados não são a busca da picada de abelha que quem me rodeia sente com muita facilidade e o meu estado de anestesia permanente não me permite.
Nunca fui capaz de chorar por causa de um filme, dificilmente o passado me persegue, não me lembro de ter medo do futuro, dispenso com grande facilidade o que não me agrada e ainda assim, com toda esta força de carácter (se o for mesmo) sinto-me frequentemente vazio.
A cada dia que passa me pareço menos emotivo (por circunstâncias mil que vieram agudizar a minha predisposição para isso), os minutos correm e eu páro.
Não me sinto a pairar por cima de tudo nem enterrado no sub solo, sinto-me, isso sim, a passar "por entre" sem tocar realmente em nada.
Há caminhos a serem percorridos, há uma direcção tomada, no entanto, é um destino que, aparentemente, é deserto, a minha vista não alcança mais do que dunas e um ou outro cacto que me faz companhia nos 10 segundos que demoro a passar por ele.
Há uns dias uma das pessoas que se perdeu no mundo, como eu, disse-em que eu não sou tão mau como pareço, que me preocupo demasiado com o que de mais obscuro se passa dentro de mim...
Eu não me acho tão mau, apenas me acho distante, longe, solto, pairante, etéreo... e se não sinto nada o que de bom posso entregar a alguém?!
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