Se Saio a Correr
Não sou necessariamente a pessoa mais difícil de agradar mas sou necessariamente uma pessoa difícil de aguentar.
Desde muito cedo (sendo esse cedo o meio da adolescência) soube qual a principal qualidade que uma mulher precisa ter para me ter (não merecer...isso seria pretensioso demais até para mim).
A capacidade de me segurar pelo braço quando saio a correr.
Naturalmente não basta, mas é, talvez, a coisa mais importante.
Ter a percepção de quando a coisa está em ebolição (e está bem mais vezes do que deveria) e saber que aquele não é o momento pra me picar nem pra me contrariar nem pra querer entender ou pedir explicação.
Isto posto em linhas parece até fácil, uma coisa simples de conseguir.
Pois...mas não deve ser, ainda não foi conseguido.
Não é preciso muita coisa para o meu humor variar do tudo bem para o onde anda o isqueiro quero incendiar esta merda toda.
A força motriz da minha personalidade é o avanço brusco, rápido e, muitas das vezes, sanguinário.
Nunca aprendi a ser temperado, ou porque nunca me ensinaram ou porque nunca foi minha vontade ter essa qualidade.
Estou claramente mais calmo e até mais tolerante, fui limando umas arestas, fui tendo noção de que não tem de ser tudo exactamente como eu quero.
Uma das minhas maiores conquistas foi aceder a, por exemplo, ir jantar a um restaurante de que não sou particularmente apreciador (se não gostar mesmo....aí ainda não há solução..).
Infelizmente, quando o sangue ferve regrido 20 anos e a coisa ou é como eu quero ou de maneira nenhuma...nada a fazer....
Pois...
É por isso que preciso quem me segure ou quem me saiba segurar ou, melhor ainda, quem me queira segurar.
Sei perfeitamente que talvez seja pedir demais, sei perfeitamente que de simples não tem nada.
Sorte a minha que aprendi a viver dentro de mim senão acho que sofreria de solidão aguda.
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