Wednesday, August 11, 2010

Onde Gostaria de Viver

A minha casa tem telhado e vidro.
A minha casa tem a abertura da porta, mas não tem porta, a minha casa tem aberturas para janelas, mas não tem janelas.

Ninguém fica sem saber o que se passa na minha casa e só não entram se não quiserem, o convite é universal e permanente. Podem ficar apenas a ver, a ver-me ou a ver-nos. A escolha do que fazer da minha intimidade e de se integrar nela ou não pertence-vos. Não quero esconder nada, não quero alienar ninguém. Não serei um estranho e, caso queiram, serão da família, não de uma família de sangue, que muitas vezes se estranha, mas de uma família que se conhece, que se quer, que se descobre mas que não se protege porque nada tem para proteger.

Aqui o sol põe-se a pedido, a escuridão vem apenas quando convidade. Aqui, contudo, nem a escuridão se sente sozinha, tem sempre a lua cheia como companhia.
Aqui não se sente a falta de ninguém, estão cá todos. Aqui não somos amorfos nem mono cromáticos, aqui todos temos cores e é com elas que se pintam as pedras que guiam à entrada.
Aqui não vos chamamos mas queremo-vos.

É neste lugar que não existimos, é neste lugar que somos.

(...e como toda a simplicidade possível saltam-me aos olhos as diferenças entre o que se quer e o que se é.)

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