Thursday, September 09, 2010

She

Não tenho pena dela, não é pessoa de quem se deva ter pena.
É a minha mais antiga raiz, é quem sempre esteve lá, tanto em tempestades como em dias solarengos. Sobreviveu a tudo e, algumas vezes, sobrevivi com ela, o meu farol quando o nevoeiro nem à faca se consegue cortar.

Infelizmente, não teve a sorte que eu tive e que ela merecia bem mais que eu.
No meio de todo o turbilhão de sentimentos e actos que são os meus dias, no meio desta confussão bem mais pejada de adagas do que flores que é o meu desiquilíbrio quando estive romanticamente acompanhado estive romanticamente bem acompanhado.
De uma forma pouco explicável ou justa, as minhas mulheres eram minhas, totalmente minhas. As minha mulheres abraçavam-me e, dentro do que lhes era permitido pelo meu pavor de gostar, estavam coladas à minha pele. Eu era tudo e só assim admito que seja.

Ela, pelo contrário, teve muito mais azar do que eu.
Ela não é tão cínica, não é tão fechada, não é tão avessa a gente...e gente que ela permitiu que, romanticamente, se aproximasse, não foi merecedora disso.
O que me preocupa, no fundo, é que a cada prego que lhe espetam a aproximem mais de se tornar num marasmo como eu, numa natureza limitada a areia e a um cacto perdido de tempos a tempos. O que me preocupa é que ela decida que não precisa de tantas cores na sua paleta, que chegue à conclusão de que o cinza e o preto são mais do que suficientes para delinear as fronteiras e que deixe o meio por pintar.

Lamento este mundo. Lamento que seja aleatório ao ponto de não escolher quem deve ser poupado à realidade estéril. Lamento que a verdade seja de chumbo e não de plumas.

Há um ditado antigo que diz assim:
Quando o mar bate nas rochas quem se fode é o mexilhão.
Ora, eu fiz e faço de tudo para não ser o mexilhão mas isso tem os seus custos, não sinto a água do mar.

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