Friday, November 26, 2010

Ontem encontrei gente que não via há muito tempo. Não sentia a falta da maioria absoluta dessas pessoas mas foi agradável ver uma ou outra.
No meio da clausura a que nós fumadores nos vemos confinados por estes dias (anos, décadas...enfim) sempre surge a oportunidade de falar de uma coisa ou outra que no meio de uma multidão seria, virtualmente, impossível.

Então, enquanto fumava o primeiro e, depois, o segundo cigarro, duas mulheres acompanharam este momento de prazer quase proibido. Uma delas de quem gosto e outra que não simpatizo (esta última é daquelas a quem, no meu grupo de amigos, nos referimos como "comia...mas batia-lhe muito naquele rabo").
Sem saber exactamente como, a coisa caiu para a eventual relação de amizade entre gente que já teve uma relação amorosa. Ou seja, aquilo que não acredito ser possível.

Uma das minhas fragilidades é a incapacidade de entender o verdadeiramente importante como menos do que absolutamente alvo. Não acredito que uma amizade o seja quando algo mais está envolvido. Não acredito em relacionamentos amorosos que sejam, da mais ínfima forma, ensombrados por uma qualquer sombra.
Amizade é amizade, sem grau. Amor é amor, sem grau.

Disse-lhes, por isso, que contrariamente ao que acreditam (ou dizem acreditar), nenhum dos ex é amigo ou amiga. Ninguém que vemos nu por mais roupa que tenha vestida consegue ultrapassar essa barreira. É uma impossibilidade.
Sim, tenho ex com quem me dou bom. Sim, tenho ex a quem prestaria a ajuda que pudesse e conseguisse. Sim, desejo o bem a essas pessoas que comigo partilharam a cama.
Lendo este último parágrafo, parece, exactamente, uma amizade...mas não é. Não existe uma reciprocidade pura, não existe o completo desinteresse...voltava a comê-las sem perder meio neurónio a pensar nisso, o que não acontece (nem me ocorre) quanto aos meus amigos ou, no caso em particular, às minhas amigas.

Como é óbvio, não concordaram comigo. Não entenderam que, pelo menos para os homens, não é possível esta despromoção de intimidade, não é possível passar de partilhar fuídos para partilhar ideias, alegrias ou angústias.
Para fechar a minha argumentação, disse-lhes:
"Ok. Imaginem, então, que são duas da manhã e, por qualquer motivo, precisam de falar com um amigo. Não interessa porquê, precisam! A qual dos vossos ex ligam?"
(Silêncio)
"Pois... se fossem amigos como os outros, não ficariam caladas."

1 Comments:

Blogger Rafaelle Benevides said...

Olá. Passagem rápida para agradecer o comentário que vc fez à poesia lá no blog. Abraço e bom final de semana para ti.

9:47 AM  

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