Tuesday, November 02, 2010

Ia Ser Mas Mudou

Antes de entrar aqui vinha determinado a escrever sobre um determinado tema que, como tantos outros, me irrita profundamente. Ia destilar algum veneno (o que, se quiser ser sincero, será o que faço melhor) e entrar na veia de pessoas mononeuronais que se juntam num lugar específico a praticar uma determinada actividade...mas mudei de ideias.

Porquê?
Bem, porque contrariamente aos verdadeiros iluminados, sou afectado pelo que vejo, cheiro, leio e por aí fora, sou, em alguma medida, um produto do que me rodeia diariamente; ok, talvez não um produto mas, seguramente, uma reacção.

É verdade que 2+2 serão sempre 4 mas nem esta simples aritmética é insensível e imutável quando utilizada como metáfora. Neste caso, o 4 poderá continuar a ser 4 bem como o 2 somado com outro 2 continuará a ser 2, contudo, a qualidade e a vida do 4 varia de acordo com a qualidade e a vida do 2; nem todos os 2 são iguais e, assim sendo, também os 4 serão diferentes uns dos outros.
Digo-vos, ainda, uma outra coisa que aprendi há relativamente pouco tempo num lugar profundamente inesperado: uma recta (no sentido de estrada e não geométrico) perfeita não o é de facto. Uma recta perfeita acompanha a curvatura da terra e, como tal, deixa de ser visível mais cedo do que uma outra que tenha sido desenhada e executada com perfeição geométrica; a recta perfeita, para guiarmos, tem esse nome mas, para ser perfeita, desvia-se.

Assim sou eu e assim somos todos.
A pureza dos conceitos que usamos, sejam eles o amor ou o ódio ou a amizade ou a estranheza ou a solidão nunca são como vem no dicionário porque não somos papel. A nossa pureza tem poeira e, porque tem poeira, é uma pureza adaptada e não uma flor de laranjeira.

ps: juro que estou sóbrio, não bebi nem fumei nada.

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