Monday, May 23, 2011

Ontem, um mau filme versava sobre uma realidade interessante. Como tinha pretensões a êxito de bilheteira não se deu ao trabalho de explorar mais do que o indispensável para que sentissemos alguma compaixão pelo personagem principal e fossemos domando os sentimentos para que o pavimento para o grande final não se conspurcasse.
Bem, pela minha parte, achei os primeiros 10 minutos óptimos.

O que ali se retratava, em termos muito simplistas e não totalmente justos, era um mentiroso. Não um mentiroso sádico mas, ainda assim, um mentiroso; não um mentiroso detestável mas alguém que, no fundo, não seria assim tão diferente de nós mas, ainda assim, um mentiroso.
A mentira consistia em aconselhamento de gente para que superasse uma enorme perda, como ele tinha feito. Só que ele não o tinha feito, ele não tinha ultrapassado.
(É o detestável mundo dos livros de ajuda)

Ora, a questão que a mim se colocou é exactamente essa: Será errado chegar à finalidade partindo de uma base falsa? Será condenável a actuação de um tipo cujo resultado é um sucesso ainda que a partida tenha sido mentirosa?
É difícil...
Na verdade, se formos apenas racionais, não é importante a veracidade e nem sequer a realidade se conseguirmos o que pretendíamos. Afinal, o que interessa se ele não conseguiu desde que eu consiga?
O problema é outro.... a possibilidade de nos sentirmos quase violados porque o que apreendemos não era real é monstruosa. Naquele momento, corremos o risco de que deixe de nos interessar que, efectivamente, tenhamos conseguido, por exemplo, saltar uma distância que considerámos impossível e ficarmos agarrados ao facto de ele, que nos ensinou a técnica, afinal não conseguir.
Deixámos de conseguir saltar? Não.
Deixámos de ter duas pernas? Não.
Faz diferença termos sido enganados, em termos práticos? Não.

Não retirei daqui uma grande solução filosófica nem cheguei, em termos pessoais, a uma resposta definitiva nem convincente.
O que voltou a aparecer-me é o facto de saber a verdade ou não a saber não ser um factor tão determinante como dizemos que é ou como gostaríamos que fosse.

3 Comments:

Blogger ACONTECE said...

Eu sempre me pergunto... Afinal, qual é a verdade, ela existe mesmo?
Um amigo me disse uma vez que a verdade é apenas um pedaço de algo que construímos a partir da nossa experiência sensorial, se for assim, devo admitir que há também na mentira um "que" de verdade e talvez por isso seja possível acreditar no mérito de uma conquista que de alguma forma se baseou numa mentira... Nossa, fiquei zonza agora, coisas pra pensar durante a semana...
Abraço

5:28 AM  
Blogger Kaiser Soze said...

A verdade existe. Podemos não conhecer todas as verdades mas conhecemos alguma: eu estou sentado e isso é verdade, acredite-se ou não; mentiria se dissesse que estava em pé.

A questão, para mim, é mais a segunda... se a conquista é menos conquista por se basear numa mentira (que se desconhecia e se pensava verdade).

Bjo (sou mais de bjo, com meninas, do que de abraço).

5:42 AM  
Blogger Kaiser Soze said...

PS. Depois de ler o teu perfil e ver um ou outro ponto que temos em comum:

X: do Grego Y que significa Forte, Viril.

5:46 AM  

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