Monday, September 19, 2011

Californication

Isto é uma série de TV. Se não conhecem ou se conhecem mas nunca viram pode valer a pena dar-lhe uma vista de olhos.
Não é comum na forma como aborda o tema ou como o desenvolve mas, para mim, é uma história antiga a que é relatada; é a história de quem sabe para onde quer ir e onde, inclusivamente, já esteve mas onde não é capaz de ficar por muito que tente e queira. É a clássica e intemporal situação do que se quer e do que se quer querer.

Não sei se já todos terão passado por isto. Não sei se faz parte da narrativa generalizada uma atracção irresistível e, até, incompreensível por alguém que nada trará de bom...facto conhecido à partida.
Na minha cabeça, é como a vertigem que nos dá quando estamos no precipício, é emoção pura e desconfortável que deverá atrair uns e retrair outros mas a que nunca se fica indiferente.

Eu sempre fui o precipício e nunca o tipo que chega perto dele.
Descobri esta minha localização geográfica relativamente cedo mas não o fiz sozinho.

Contrariamente à personagem da série, contudo, não posso afirmar para onde quero ir e não tenho intenção de voltar a nada. É verdade que em tempos difíceis e em noites em que os meus dedos correm soltos sobre o telemóvel já tentei o retorno ao que conheço e onde já fui feliz mas, verdade seja dita, era um buraco que me impelia para a segurança que não voltará e não a vontade.
Não posso, também, afirmar que, como a dita personagem, sou uma besta de bom coração. Estou mais perto de ser a besta do que o tipo de bom coração.

O que sei e o que tenho de comum é a vertigem que provoco. A vertigem misturada com a miragem de que apenas parece um percipício mas que o não é.
É um precipício, apenas.

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