Thursday, August 18, 2011

Sabem aquela história de que homens não choram?
No meu caso é verdade. Não que nunca tenha chorado (desde as alturas de criança, de facto, não me lembro de o ter feito) nem que me envergonhasse de o fazer e muito menos que critique quem o faça. Não choro porque não consigo.

Para ser brutalmente honesto, como costumo ser aqui e, eventualmente, em mais lugar nenhum, já me apeteceu fazê-lo e já, até, tentei...mas não fui bem sucedido.
Na verdade, desde há bastante tempo a esta parte nem sequer tenho desenvolvido sentimentos; não tenho sentido pena, saudades, carinho, medo, alegria, tristeza...é um limbo de não viver, segundo me parece. Tenho vontade de foder, sim, mas isso é mais um reflexo do que necessariamente um sentimento.

Ando tão à margem ou na estratosfera de tudo que se não pensar nisso intensamente nem sequer me incomoda esta letargia de olhos abertos. Se não me esforçar por pensar nisso, nesta fase, seria capaz de não abrir janelas nem portas e, como volta e meia acontece, apenas dormir embrulhado no escuro. E se acrescentar a isto que nem sequer sou gajo de sonhar ou, talvez mais cientificamente, de me lembrar que sonho, dormir é, nesta altura, o pior remédio mas o que mais me apetece.

Não quero ir ao cinema; não quero ir a bares; não quero ver amigos; não quero insultar árbitros; não quero estar acordado; não quero andar; não quero comer; não quero beber.

É uma merda esta fese que arrasta os pés há tempo excessivo. Eu não sou este tipo de gajo, alguém me deve ter alugado e não me avisou.

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