Monday, August 22, 2011

EUROPA

Quando olhamos para o motivo da construção da Comunidade Europeia somos, quase automaticamente, remetidos para comércio e economia e não tanto para política. Ora, a génese da CE teve um intuito muito mais político do que comercial e económico; o comércio e a economia foram os atilhos que agregaram um plano político.
O que quero dizer com isto?
Quero dizer que esta construção europeia foi o meio escolhido para tentar pacificar uma Europa que nunca foi pacífica durante muito tempo. O objectivo foi a paz.

Se dermos uma vista de olhos a este território encontramos mais sangue do que esperanção, foi sempre assim e não me refiro, meramente, às duas grandes guerras. Podemos correr para tempos bem anteriores desde os romanos ao Napoleão e, caso nisso haja interesse, ainda mais para trás.
O que se tentou, até agora com sucesso (um sucesso que parece começar a desvanecer-se perante a primeira verdadeira provação da CE), foi ligar os dinheiros e as mercadorias de uns e outros e criar-se uma rede em que todos perderiam perante um confronto armado. O que, provavelmente, foi olvidado ou então encarado como uma esperança de que não viria a acontecer foi que uns perdem sempre mais que outros e uns são, sempre, mais fortes do que outros.

A única solução em vista - na minha vista, pelo menos - é um aprofundamento e não um alargamento; uma maior integração política e não um alastramentos desmedido em kilómetros.
O problema desta solução é que ela é uma visão portuguesa, uma visão sem voz. Ok, não será tanto uma visão meramente portuguesa mas seguramente que não é partilhada pela Alemanha e Finlândia, por exemplo. Porquê? Porque este aprofundamento ia ajudar quem deve e prejudicar quem tem a receber.

Então, se é assim, como é que se conseguiu uma coisa dessas nos EUA?
Simples.
Os americanos, ainda que com grandes clivagens entre si e, até, com uma história que não é completamente uniforme entre todos os estados, olham para si como um país; há um elemento cultural aglutinador entre eles (como, por exemplo, o propagandístico "sonho americano") e é este sentimento de pertença que pode fazer uns sacrificarem-se pelos outros, que uns aceitem ser prejudicados para que outros sejam beneficiados e, em sequência, que o todo possa prevalecer sobre a parte.

Nós não somos Europeus, ainda.
Nós somos portugueses, alemães, italianos, ingleses... estamos ligados por dinheiro e mercadorias mas não por uma consciência.
Nestes tempos de capitalismo e de materialismo parece quase uma loucura conceber que a etérea consciência pesa mais do que o Euro mas a verdade é que pesa mesmo.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Olá... Estive por aqui... MUUUUUUUITO diferente seu blog do meu hein... Estou impressionada com o belo contexto... Diferente do meu que nada tem a agregar... rs
Gostei daqui!
Grande beijo e ótima tarde...

1:35 PM  

Post a Comment

<< Home