Thursday, December 29, 2011

Não gosto de crianças prodígio. Não tanto porque não goste delas em si mas porque sinto sempre que estão a ser roubadas no mesmo momento em que as estou a ver e por muito tempo antes e depois de o ter feito.

Não gosto de as ouvir porque tudo me entre nos ouvidos como plástico. Parece-me que tudo é ensaiado e que estou a ouvir alguma maturidade a que nem sequer eu cheguei. Pior do que ser ensaiado, contudo, é se não o for. Quando mandam ou instruem (se parecer menos agressivo) as crianças quanto ao que deverão dizer pelo menos tenho a sensação que será possível que por baixo daquela fina camada ainda anda um miúdo e que ele sobreviverá como tal durante mais tempo; se a coisa não é trabalhada significa que deu um salto para o qual não tem, obviamente, pernas e, como tal, perdeu sem saber aquilo que muito encaram como um período de que sentem saudades.

Além disso, é forçoso pensarmos que crianças não devem ser fontes de rendimento para os pais.
Ok, há muito tempo atrás ter crianças era investir em força de braços para o cultivo e hoje a cena é mais intelectual...mas é possível dizer que porque menos suor escorre e menos calos brotam não é trabalho em tempo de formação?
Isto podia levar-nos à definição de trabalho infantil e questionar se o actor criança é assim tão diferente da criança que puxa o arado...mas não me apetece, de momento, fazê-lo apesar de ser mais um rasgo de hipocrisia.

Ah, só a título de exemplo, podemos deixar como exemplos de crianças prodígio o Michael Jackson, o Culkin (do Sozinho em Casa), a Britney Spears...enfim, um agradável grupo de desiquilibrados ou delinquentes.
Será que se não tivessem sido explorados teriam sido diferentes? Obviamente que sim. Será que não seraim delinquentes e desiquilibrados? Disso nunca teremos a certeza mas as hipóteses teriam sido mais reduzidas.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home