Monday, October 31, 2011

Houve-se, com alguma frequência, referência à solidão no meio da multidão. Numa época de alienação, especialmente urbana, esta expressão ganha cada vez mais sentido.
Infelizmente, desde há uns anos valentes para cá, tem-se vindo a construir uma mentalidade em que esta solidão não é necessariamente má. Vemos, muitas vezes, esta solidão como um produto da diferença e de que somos especiais... é uma coisa do romântica esta da incompreensão não por culpa própria mas alheia. "É este o preço que tenho de pagar por seguir o meu próprio rumo!"

Deixem-me que vos diga que, ainda assim, há coisas piores.

Nestes tempos de provação observamos um aumento de violência e de depressões mas, na minha completamente amadora visão das coisas, isto não resulta, directa e unicamente, de questões financeiras.
Não, não sou parvo ao ponto de desligar uma coisa da outra porque, pura e simplesmente, seria ridículo...mas não é só.

Vivemos em expectativas, sempre.
Hoje, como ontem, queremos ter sucesso mas hoje mais do que ontem este sucesso surge como um imperativo e não apenas como uma vontade (mais que legítima) de cada um.
Então, o dinheiro não é apenas aquilo que usamos para ter o que queremos mas para SER aquilo que queremos. Hoje, dinheiro passou de meio a fim. Hoje, é a tatuagem dos "escolhidos".

Se o que escrevi parece basófia comunista, lamento. Seria difícil eu estar mais longe do comunismo do que aquilo que estou.
No entanto, o que pretendo, de forma eventualmente torpe, transmitir é que deveriamos ser mais do que dinheiro, deveriamos ser mais do que aquilo que esperam de nós, deveriamos ser mais do que a soma do que é visto por quem não somos nós.

Deveriamos mas não somos.

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