COISAS ESQUISITAS
PODE ENGANAR-SE TODA A GENTE, SEMPRE?
Há uns dias, o advogado do 44 deu uma entrevista na RTPInformação sobre a ignomínia sofrida pelo dito 44.
Então,
mas que mal há em pedir dinheiro emprestado a um amigo quando se tem dificuldades financeiras?
Bem, depende sempre das dificuldades financeiras. Um prato de sopa não é bem um Classe S; umas calças para o filho não é bem viver no bairro mais rico de Paris enquanto se faz doisa nenhuma; uns cobres para a renda da casa não é bem viajar em primeira classe...
E pedir dinheiro emprestado a um amigo com quem o Estado - que o 44 liderava - tem negócio também não é bem o mesmo que pedir ao Zé da Esquinha, especialmente quando o Zé da Esquina, ainda que seja chulo, é mais digno que o 44.
ele não queria que a sua vida privada fosse devassada, por isso é que era em dinheiro vivo e não por transferência. Além disso, o dinheiro podia ser preciso em Portugal e ele estava em Paris.
Ficou-se a saber, portanto, que o 44 tinha tanta vergonha que não queria registos informáticos. Preferia o trabalho de levantar - pagar a alguém para ir buscar - pagar a alguém para levar - esconder o dinheiro na travesseira para, depois, entregar a quem devia.
O 44 tinha vergonha mas não se importava de gastar dinheiro neste circo nem de andar carregado de dinheiro na rua. Talvez esteja habituado ao peso porque carrega a consciência há muito....mas pensando melhor, que consciência?
Ficamos, também, a perceber que não há transferências bancárias para Portugal. Aqui, é só em cash e envelopes.
e a distribuição dos processos, e as acções disciplinares contra os juízes da relação, e o blog dos magistrados...isto é uma podridão!
E depois o jornalista perguntou-lhe se isso tinha que ver com o Carlos Alexandre e se a já não confiava na justiça.
Ah?! Eu nunca disse isso! O Carlos Alexandre é um sonho de homem e eu confio na justiça!
Evidente! É como eu usar na mesma frase o nome da tua mãe e a profissão de puta. Nunca teria nada que ver uma coisa com a outra, era uma mera coincidência. Como falar de corrupção e do 44 na mesma frase.
É a mais completa falta de vergonha com uma pitada de insulto a todos nós. Bem, nem todos. Houve uns idiotas que fizeram uma excursão à cadeia (!?) de camioneta para apoiar o 44.
O que merecia esta gente? Pena ou Pancada e não costumo ter Pena, está sempre em falta.
MUDA SE OLHARES?
Não me lembro exactamente qual o filósofo que defendia que o facto de olhar para o objecto o muda. Quando aprendi isto era muito miúdo e achei parvo. Aliás, continuei a achar parvo durante muito tempo até que coisas acontecem.
Poderia usar para este caso o facto, por exemplo, de ter visto durante muitos anos azul nos meus olhos até que me convenceram que são verdes; podia, por exemplo, falar daqueles borrões em que as pessoas vêm coisas diferentes na mesma coisa. Não o vou fazer porque encontrei algo mais evidente, há uns tempos.
Então,
conheço um par de gémeas há muito tempo. Conheci-as quando deviam ter uns 12 anos e, naquela altura, eram o clássico que temos de gémeas.
Passados alguns anos, aqui deveriam ter uns 16, já não eram a mesma pessoa. Uma delas sofria de anorexia e dos problemas psicológicos que isso acarreta e a outra não.
Porque me lembrei disto?
Primeiro porque voltei a encontrar uma delas e perguntei-lhe pela outra ao que a que encontrei respondeu está na mesma... Percebi o que era na mesma e não toquei mais no assunto.
Segundo porque:
antes de se sentir na pele (própria ou alheia, se for suficientemente próxima) há coisas manifestamente parvas.
Neste caso, a miúda que sofria (sei que continua a sofrer mas não a vejo há muito, por isso baseio-me no passado) de anorexia era muito bonita e estava a léguas de ser, sequer, cheinha. Eu, como a maioria de nós, não entende como se não vêm evidências não entendendo, também, que as evidências são mais que efémeras.
Transpondo para o meu assunto favorito: EU.
Há muito que venho perdendo peso. Como era gradual e distendido no tempo nunca notei mas volta e meia encontrava gente que não me via há muito e lá me dizia que estava mais magro (como é sabido, eu sou gordo).
Desde há uns três meses, por motivos que começam a ter explicação, perdi, realmente, bastante peso. Foi aparente mesmo para mim quando reforçado com ter ficado sem roupa para vestir.
Como ligo uma coisa há outra?
Eu continuo a ver-me gordo e só digo ver-me e não ser porque...bem. Vou reformular para sentir que estou a ser mais honesto: Eu continuo a ser gordo mas menos, ou seja, não é uma alteração de estado mas antes uma alteração de medida.
Dizer-me que assim não é não resulta porque quando olham para mim mudam-me mas não intrinsecamente.
Eu vejo-me como me vejo ainda que muito tente ver-me como sou.
Lá fora devo ser uma coisa mas cá dentro sou outra.
Quem está certo?
Importa pouco. O que importa é que somos o que somos, somos o que acreditamos ser e somos o que os outros vêm em nós e nada disto é objectivo e muito menos coincidente.
SOU DEMASIADO INDEPENDENTE
Ouve-se muito disto nas encalhadas e como não conheço a maioria das encalhadas e tenho dificuldade em entender como a independência de uma mulher é uma coisa má, tendo a encarar como uma desculpa para o clássico ninguém te pega.
Pode é ser um defeito meu.
Eu não gosto de pessoas fracas e muito menos de mulheres fracas. Não me entendam mal, já papei algumas e não me causa nenhum transtorno se tiver de papar mais. Afinal, prefiro bife mas não tenho nada contra feveras, apenas prefiro uma coisa à outra.
Então, qual o meu problema com mulheres dependentes? A maioria das pessoas que me ouvem e não me conhecem têm a ideia de que sou machista e só as quero para me trazer cerveja e cozinhar.
Bem, é um problema relativamente complexo...
Eu preciso de ter respeito profundo por quem está comigo. Não que destrate quem respeito menos; para ser honesto, tenho muito pouco hábito de bater em gente mais fraca porque me faz sentir sujo...
Não dá para mim alguém que me deixe fazer tudo que quiser; não dá para mim alguém que ache que eu tenho sempre razão; não dá para mim quem não se defenda mesmo que para isso tenha de me deixar algumas feridas; não dá para mim quem não se aguente nas próprias pernas (e espero sempre que sejam umas belas pernas).
Porquê?
Porque o minha tendência natural é anular a outra pessoa. Não o quero - daí ter escrito o que acabei de escrever - mas é como o escorpião...é a minha natureza.
Tenho de estar constantemente atento para não ir mais além do que devo. Preciso de me policiar para impedir que o meu mau génio se torne o centro de tudo; não podem alimentar o meu rio porque transborda.
Eu não vou comendo, eu engulo. E nisso incluem-se as pessoas.
Porque se me deixarem ser tudo aquilo que naturalmente sou, perco o interesse. Quero ter alguém ao meu lado e, por definição, esse alguém tem de existir senão volto a estar sozinho.
Não quero que precisem de mim, quero que me queiram porque se só precisarem eu não quero.
SE as mulheres independentes estão certas (e não me vou alongar sobre ser ou não independentes) não deveriam querer ser outra coisa só para terem uma pila em casa.
Esperem e comprem um dildo ou, como fazem os homens, à falta de melhor opção: o equivalente a putas no masculino (que não sei o que chamar).
OS JOGOS QUE NÃO FAÇO...SEMPRE
Ao arrepio da humanidade, costumo fazer joguinhos com o que não me interessa e não o contrário.
Ah, mas isso é como todos nós! Não és especial! pareço ouvir. Podem estar certos quanto ao não ser especial mas não no isso é como todos nós.
Como é mais ou menos sabido, não tenho deficit de neurónios e nem pouco conhecimento sobre como as pessoas reagem a certas situações. Tenho muito interesse nisso e dedico-me às coisas em que tenho interesse.
Eu sei que se habituar determinada pessoa a um determinado comportamento ela vai sentir falta quando o comportamento mudar;
Eu sei que se passar 1 ano a dizer bom dia a alguém e, de um momento para o outro, deixar de o fazer ela vai sentir;
Eu sei que se enviar 1 sms de hora a hora a alguém e depois passar 1 dia em silêncio a coisa vai causar desconforto;
....e sei tudo isto porque fiz e faço todas essas idiotices. Sei criar a abundância para depois fazer sentir a escassez. Aliás, perdoem-me a imodéstia - que já muitas vezes devem ter perdoado ou então já bazaram - sei fazer tudo isto com mais arte do que a maioria porque, como já disse, apesar de conversar com pessoas não me interessar particularmente as pessoas interessam-me muito.
Qual a diferença mais aparente entre isto e o que toda a gente faz?
Eu faço isto para ter carne e não para ter espírito.
Não sejeito a este tipo de merdices as pessoas por quem tenho interesse real.
Eu sei que parece um anacronismo ter este tipo de trabalho para quem me diz pouco e recusar-me a tê-lo para quem me diz muito mas, na minha cabeça, só assim faz sentido.
Reparem:
se quiser alguém comigo durante algum tempo - eufemismo para muito tempo ou coisa pior - não faz sentido que ela esteja com outra pessoa que não eu desde o início. Se me empenho para que estejam comigo quero que esteja comigo; de olhos bem abertos desde o início.
É verdade que muitas relações começam com logro. Mais que verdade, até é normal. Afinal de contas ninguém veste a sua pior roupara para ir sair, certo? Errado. Eu uso.
O que tu tens, é isto! Não é só isto mas também é isto. Não acordo sempre bem disposto; não sou sempre agradável; nem sempre me lembro de lavar os dentes; fumo, bebo, como e, agora, parece que sou um bocado doente; provoca-me e eu respondo sem meiguice; se me chateares vou comprar cigarros e nunca mais volto.
Coisa diferente é quando o negócio é sacar:
Lembrei-me agora de ti, por isso estou a ligar (naturalmente, não foi o que aconteceu); Claro que me interessa potaria (com U até me interessa, com O interessa-me nada mas não vais ter tempo de descobrir); Claro que me lembro da primeira vez que te vi, como poderia esquecer (muitas das vezes as próprias não se lembram que tiveram de escrever o próprio número no meu telefone porque eu já não consegui mas isso interessa?!).
Não preciso que gostem de mim mas às vezes quero.
AMOR OU MEDO?
(este vai ser mais curto porque estou a ficar cansado de escrever e ainda preciso de fazer coisas)
Preferes que te amem ou que te temam? é uma questão metafísica antiga que nem me lembro se já falei aqui.
Em resumo:
Normalmente, ama-se quem nos ama ou, pelo menos, gosta de nós. Nessa medida, temos mais liberdade e confiança com elas, pelo que é mais fácil arriscar em comportamentos que essa pessoa possa não gostar.
Ah, mas faz-se tudo por amor! Não, não faz. Por tesão, talvez, por amor, não. A maioria não tem problemas em desapontar quem os ama porque sabe que vai ser perdoado. É por isso que se magoa mais quem está mais próximo não é o que se diz?
Medo é outra coisa. Quando se teme pensa-se mais porque, digam o que disserem, a dor é mais disuasiva que o prazer. Reparem, por exemplo que o treino com reforço positivo (dar um biscoito a um cão quando ele acerta) é mais fofo mas muito menos eficaz do que o de reforço negativo (dar um choque a um cão quando ele erra).
Não é bonito mas a realidade também não.
As pessoas que me interessam prefiro que gostem de mim mas um bocadinho de medo não lhes faz mal;
As pessoas que não me interessam é-me mais ou menos indiferente mas a reacção mais natural será de temer do que de gostar o que, a bem da verdade, até é mais útil, pelo que já disse.
Para que não julguem que me tenho em demasiada boa conta, vou dizer qual o motivo pelo qual é mais fácil temer-me do que gostar de mim:
As pessoas não são perigosas só porque são espertas ou só porque são más ou só porque são poderosas ou só porque são destemidas ou só porque são superiores ou só porque já derrotaram os outros antes ou só por motivos que enaltecem as suas próprias qualidade.
No meu caso, o perigo até pode surgir por qualidades que colocam outros em sentido mas não é o que vejo e já tive muita experiência a respeito:
É sabido e claro que eu não me importo de apanhar. Não tenho medo de apanhar. Não gosto mas não fujo. Não é que seja particularmente valente ou corajoso, é que não gosto de quem sou quando penso em recuar.
...e a questão é esta mesma. Tu podes ser melhor, tu podes ser mais inteligente, tu podes ser mais tudo!! Mas está disposto a apanhar? É que se não estiveres, é bom que penses duas vezes e, por sobrevivência, que tenhas algum medo...
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