DISCOS PEDIDOS
Este título é muito parvo. É uma coisa pretensamente irónica; é um mecanismo que as pessoas como eu às vezes usam para defender um princípio que foi às urtigas.
Então porquê? Não é como se te pudessem atirar à cara a tua parvoíce. Afinal, nada te identifica aqui. Nada conduz para a tua vida real.
Então porquê? Não é como se te pudessem atirar à cara a tua parvoíce. Afinal, nada te identifica aqui. Nada conduz para a tua vida real.
Pois. Tudo verdade. Não se desse o caso de ter tentado resolver um problema com o post que precede. Na verdade, esta merda anda tão confusa que não sei se tentei resolver ou engrandecê-lo. Como todos nós, tenho dois hemisférios cerebrais, um que, supostamente, se controla e outro que é mais selvagem. Não estou certo que o selvagem não tenha levado a cabo um ataque que não vi e tenha convencido o educado, sem ele saber, que piorar não era possível.
Como diz o pessimista ao optimista isto não pode piorar ao que o optimista responde ai pode, pode!
Então, estou numa posição fodida.
Para quem estiver habituado a ler o que por aqui anda, agarre-se porque tenho os dedos presos e dificilmente sairá, hoje, algo de genuinamente interessante ou, sequer, bem escrito. Tou fodido. Isto seguirá o mesmo diapasão.
É tentar ordenar. Mas quanto se consegue ordenar um vómito?
Então...
A SITUAÇÃO
Tenho-me em boa conta.
Tento não me achar mais do que o que sou mas acho que sou esperto e como tenho um enorme interesse por pessoas - ainda que não pelo que elas dizem - consegui aprender a vê-las sem precisar de as ter à frente.
Da mesma maneira, avalio o risco: quem pode tentar queimar-me, quem é mentiroso, quem é fraco, quem é forte, quem me interessa, quem está a mais onde se encontra...e quem me pode foder (hoje é a festa do verbo foder e não com o sentido que mais me agrada).
A maioria de nós pensa neste foder como seja prejudicar e, nessa medida, eu não sou diferente. A diferença está no que é prejudicar.
O que me escapa do controlo prejudica-me. Qualquer coisa. Por isso, rejo-me por princípios básicos que evitam esta dependência alheia.
Sou um aforrador. Sempre fui. Se for despedido amanhã será desagradável mas estou pronto.
Sou um aforrador. Sempre fui. Se me decidir despedir amanhã será agradável e estou pronto.
Sou centrado. Como sou mau a demultiplicar concentro a minha energia em pouca coisa e como estou habituado a ter sucesso (ainda que com falhanços clamorosos que me marcaram muito mais) não me agrada dispersar ou alterar a minha ordem e ritmo.
Sou simples. Apesar de construções mais ou menos complexas e mais ou menos sofisticadas para obter resultados, o resultado é simples; a meta é simples. Eu quero aquilo, agora é só ir buscar.
Sou só. Preocupar-me com coisas externas complica-me o objectivo.
Para simplificar, num filme chamado Heat (com um elenco de luxo mas um filme de merda - o que prova que até na merda se encontram pérolas) a personagem do De Niro diz que temos de estar preparados para largar tudo em 10 segundos (acho que é esta a unidade de tempo). É isto. É o que quero e é o que sempre fiz. Uma mala de mão tem de chegar para tudo.
Aqui, eu não vi chegar. Quando dei por mim, já cá estava. Foi assim com todas as minhas relações que o foram. Aconteceram e eu não consegui evitar. Sempre foi assim...
O ONTOLÓGICO
Pensei que não seria má ideia escrever uma palavra de 20 pontos para salvar esta desgraça.
A ideia de que basta dizer para existir é a mesma que leva a que basta não dizer para não existir e é uma ideia que me agrada.
Agrada-a também.
Será verdade?
Em princípio, por muito desconexo que seja, até acho que é. Se o psicológico é tudo, o que se consegue esconder-lhe é determinante.
É parecido com saber se uma árvore faz barulho se cair e ninguém lá estiver.
A resposta é simples: faz. Se não dissermos o que sabemos ser verdade torna-o mentira? não.
Reparem ao ponto a que cheguei!
Se alguém acha que vale a pena empurrar coisas para baixo do tapete, sou eu! E estou aqui a dizer que talvez arejar seja melhor.
Sabem porquê? Porque estou fodido.
Ainda dentro do Ontológico:
Tenho, neste momento, 3 amigos que me são realmente próximos e que me conhecem (2 mulheres e 1 homem).
Esta semana, no início, estava a dizer a uma delas que me senti um bocado ansioso e ela perguntou-me o que se passava no trabalho. Disse-lhe que nada de especial mas como nunca estou contente, às vezes dá-me disto ao que ela perguntou mas estás a picar-te com alguém? Já deu confusão?! e não, não tinha dado.
Então estás apaixonado porque nunca ficas ansioso. Em vez de sentimento de vazio tu bates e se não bateste...
Estava certa. E foi a primeira vez que me disseram essa palavra. Não a usara antes. Não pude não a usar depois.
O princípio ontológico é verdadeiro?
O QUE ME FODE
Vamos começar pelo que me envergonha mais e talvez ainda consiga chegar onde devo em crescendo.
Eu sou esquisito...
Dou muito valor a quem me ajuda sem ter de o fazer e ajudar-me é, muitas das vezes, distrair-me e evitar que entre em zorba. Ajuda-me fazerem-me rir; ajuda-me trocar músicas com pessoas; ajuda-me que me chamem parvo; ajuda-me que me perguntem se está tudo bem mesmo quando respondo evidentemente o que é quase sempre.
A partir de um certo ponto, que é onde estou, fode-me (verbo foder , olé).
Quando quero criar distância não me ajuda que haja uma música que une pessoas, especialmente quando é uma música que ouço às dúzias de vezes. Acho que o Rui Veloso dizia que não se ama alguém que não ouve a mesma canção ou qualquer coisa de semelhante. Seguramente uma metáfora para muitos, uma coisa muito literal para mim.
Uma das músicas, que não a que me referia em cima, que enviei contempla uma frase que é usada na descrição desta coisa onde escrevo: siga onde vão meus pés, que eu te sigo também. Foi a única frase da música de que se falou sem que ela soubesse que é a minha favorita...daí usá-la aqui.
As minhas variações de humor têm sempre o seu quê de imperceptível. Fico muito irritado com uma frase ou expressão de que não gosto, por exemplo, algo que não afectaria ninguém a não ser eu... e agora é perceptível o que me faz variar de humor, é perceptível, visível e palpável. Sinto-me dependente. Isso está a acabar comigo.
Um dia desta semana fui ao clássico lavar-me em porcas ao ritmo de samba. Os meus dois passa tempos favoritos!
Foi uma maravilha! Cerveja, Samba, Porcas...tudo. Fiquei feliz porque sou feliz com Samba e não dei pelas porcas.
Eu queria estar lá. As porcas queriam-me lá mas eu não queria que lá estivessem as porcas.
Hmm...há quanto tempo está aquela porcar a rebolar o rabo em ti? perguntou-me ele. Há bastante tempo. Até me cheguei um bocado para trás para ver se ela não estava a perceber e parece que não é sem querer.
Parece!? Estás à espera que seja ela a desapertar-te as calças e escolher o hotel?! Então?!. Não lhe disse que não me apetecia porque ele percebeu. Como me conhece há muito e sabe o que esta merda me custa e me fode (vamos na 1.0000.0000 utilização do verbo) só me disse Tás apaixonado e não voltou a tocar no assunto.
Neste caso, podia ser mas já não era a 2ª vez que ouvia apaixonado porque já me tinha apanhado a dizê-lo.
Dia seguinte, ressacado e com 3 horas de sono, fui trabalhar a pé, contente e muito contente porque tinha vindo do Samba e dei por mim a apressar a passada para chegar mais depressa ao escritório. Sempre que dei por ela passei a andar mais devagar por imposição. Afinal que merda é esta, pá?! Isto não pode ser assim! Acalma-te!
Pois...mas é assim. Dizer-me que não é deixou de me ajudar.
Puta que pariu a teria ontológica.
A finalizar... foi um dia muito mau porque se conjugou a ressaca e a falta de sono com a minha contínua diminuição de força anímica para me controlar. Fui. Fui mesmo. Fui muito. Não sei se recupero.
ELA
Ela é esperta.. muito mais esperta que eu.
Ela sabe para onde isto vai. Não sei se já lhe aconteceu. Não sei a intensidade (porque a intensidade também existe por comparação).
Presumo muita coisa. Isto pode ter-lhe já acontecido mas não pode ter acontecido muitas vezes. Isto pode ser coisa nenhuma mas tudo aponta em sentido inverso. Isto não é o que se quer mas não é possível saber se não é o que se precisa.
Eu percebo o problema da verbalização e nunca me preocupou muito. Raramente preciso que me digam o que já sei e quando digo raramente não me lembro da última vez que precisei.
Aqui também não preciso. Aqui quero! E o que eu quero é muito mais difícil de controlar do que o que preciso. Eu vivo sem o que preciso mas tenho muito mais dificuldades em viver sem o que quero.
Então porquê?
Ainda não me permiti decidir porque ambos os casos são catastróficos:
Porque a quero no mesmo barco. Porque preciso que ela perceba que já caiu do precipício e que quando isso acontece não se pode pedir para para a meio
ou
Porque estou demasiado empenhado e sinto-me demasiado exposto para confiar no que sei...que neste momento está transformado em penso saber.
Estou a ser sádico ou inseguro?
De uma maneira ou outra, estou fodido e detesto-me por isso porque não sou uma coisa nem outra mas se me quiser, e conseguir, ainda agarrar à minha preservação, torço por sádico...e nem isto sei se é verdade.
Eu não posso ficar dependente de toque para ficar tranquilo;
Eu não posso ficar dependente do bem estar de outra pessoa para não ficar preocupado;
Eu não posso esperar um dia por uma puta de uma meia hora que satisfaria um rato e nunca um elefante;
Eu não posso andar nesta paneleirice de guardar recordações adolescentes;
Eu não posso estar, neste preciso momento, preocupado se vou mostrar isto ou não e com isso ajudar/prejudicar;
Eu não posso depender. Eu não posso depender. Eu não posso depender. Eu não posso depender. Eu não posso depender. Eu não posso depender. Eu não posso depender.
Eu sou mais. Eu sempre fui mais.
Eu não posso! Eu não posso!
Agora, o que queria evitar e não vou conseguir (também, de tanto falhar evitar, não ia agora mudar a temática. Que se Foda).
Então:
O chegaste tarde não significa nada, em concreto, para mim. Chegar tarde não existe a menos que seja prejudicado pela precedência da morte, caso em que nem se consegue dizer que chegaste tarde.
Tarde a quê?!
Não se chega tarde a onde se não está e tu não estás.
Não se chega tarde onde não se sabe se alguma vez se chegou e a isto eu já não posso responder. Não sei onde estiveste mas sei que agora não estás.
Não sou completamente imbecil, apesar de parecer. Eu sei o que estas merdas custam. Já passei por elas.
Eu sei o que é ficar com a vida de pés para o ar. Eu sei a tempestade que isso acarretar.
Eu sei tudo isso. Eu compreendo tudo isso. Eu compreenderia um não vale a pena ou um eu não consigo e vou manter porque alterar é mais difícil do que estou disposta a suportar.
É provável que não gostasse mas compreenderia.
Agora, Tarde nunca é.
Não pode ser Tarde se for único porque, por definição, é imprevisível e não usa relógio.
Não pode ser Tarde para se ter, o que pode ser Tarde é para se perder.
Para que fique claro!
EU não sou mentiroso nem manipulador com as pessoas de quem gosto. EU quero mesmo o melhor para elas, muitas das vezes com prejuízos próprios. Por isso:
Não sei onde isto vai parar e não vejo como vai parar;
Sozinho eu não estou a conseguir e não posso, até por questões físicas, desaparecer;
Nem para desistir estou a reunir forças.
Não vejo como isto possa acabar bem para qualquer um de nós. Acho que não há chance de apenas um de nós se foder.
Detesto isto!!! E apesar disso não queria estar em mais lado nenhum.
PS. Nunca releio o que escrevo, como quem acompanha sabe, daí não ser novidade que também o não farei neste caso. A diferença é que este deve ter sido uma verdadeira agressão à língua portuguesa e tem o condão de estilhaçar coisas que acho e sei de mim porque, pelos vistos, não sou de forma eterna esse monstro de vontade.
Não é que tenha vergonha, ou não escreveria, mas não preciso de olhar para as minhas cicatrizes.
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