Já Não Tens Idade Para Isso!
Há, talvez, uma semana dei por mim a pensar, pela primeira vez: Hmm...pá, já não terás idade para essa merda... e essa merda era uma T-Shirt que tem escrito Pussy Patrol. Comprei-a, obviamente.
Não é caso único: não visto o que era suposto (e nem sequer me refiro a este tipo de T-Shirts), não me comporto como era suposto (há uns tempos uma miúda ficou chocada porque me sentei no passeio a apanhar sol e fi-lo porque...me apetecia apanhar sol), não faço o que era suposto...
A única coisa que me aterroriza é ser um gajo sem noção. Tenho muito cuidado para tentar aperceber-me não do que não devo fazer e não o desconhecer. Por exemplo: eu sei que não deveria ir trabalhar de sapatilhas e assumo isso, não me incomoda. Temo que haja alguma área em que desconheça que não devo e faça sem notar as consequências.
Sabem os gajos carecas que aproveitam o resto de cabelo para fazer uma risca ao lado desde a orelha?
Não quero ser estes gajos!
Outra sensação que tenho, do que me recordo porque não releio, é que por aqui anda demasiada cena adolescente e, confiem, não anda tanto como é realmente. Seguro-me por pudor de mim mesmo.
Então,
mais esta segunda parte que a primeira levou-me ao Já Não Tens Idade Para Isso, coisa que, como por aqui devo ter escrito há algum tempo, levou a que uma amiga tivesse dito já não tenho idade para me apaixonar.
Será?
Bem, talvez.
Ser adulto é uma merda por ser chato.
Quando, há algum tempo, uma gaja me disse devíamos ir mais devagar... respondi-lhe querida, eu não sou a voz da razão, não é um look que me fique bem e acho mesmo isso.
Interessa-me discutir vinhos e cenas sofisticadas com a mulher de quem gosto? Sim, é possível, mas muito menos do que a vontade de lhe arrancar a roupa à dentada.
Interessa-me que ela seja ponderada quando eu não sou porque preciso que me segurem? Sim, interessa, mas muito menos do que a vontade de estar constantemente agarrado a ela, mesmo quando não estou a introduzir, mesmo quando estou (ou estamos suados), mesmo quando seja fisicamente menos confortável.
Parece uma visão pessimista da maioridade mas não estou certo que seja.
Pode parecer, e ser, adolescente este fogo incontrolável mas digam-me isto: quando temos de ser menos do que gostamos, porque a profissão a isso obriga; quando temos de controlar mais do que gostamos, porque somos membros responsáveis da sociedade...teremos de fazer essa mesma concessão no mais íntimo dos desejos? Temos de retrair o que queremos expandir quando é só expandir que queremos, e, aqui, podemos e devemos?
ELA descobriu agora (muito tarde ou ainda a tempo ou o que se quiser chamar, dependendo das perspectivas) o que é ser engolida e ficar zonza.
Entre o comprimido azul e vermelho terá escolhido o vermelho. E quando se escolhe o vermelho às vezes arrependemo-nos mas muito poucas vezes se consegue voltar atrás... e digo voltar atrás no sentido do momento anterior à escolha e não ao prosseguir daquilo que se quer porque nem sempre se consegue.
...infelizmente, nem tudo são rosas.
Não me causa conflito nenhum usar a roupa que me apetece e dizer o que me apetece e fazer o que me apetece pelo que os outros possam pensar. Já me fodi com este tipo de comportamento mas assumo-o por ser um risco que conheço embora não possa prever, exactamente, o desfecho.
Já me causa conflito agir exactamente como quero quando o que está em jogo é o que eu vou pensar de mim mesmo.
Acharem que eu sou burro interessa-me zero; achar-me burro interessa-me muito;
Acharem que eu sou inconsequente interessa-me zero; achar-me inconsequente interessa-me muito.
Então,
quando o que está em risco é o bem ou mal que me sinto na minha pele a coisa tem uma perspectiva muito menos adolescente e é inexoravelmente realista.
E é por isso que se em determinadas circunstâncias não me puxam e abrem os olhos de forma consistente e forte tendo a ver preto e branco quando quase tudo que interessa se passa no cinzento.
É cansativo ser-se eu (pela milionésima vez).
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