Tuesday, March 29, 2016

Blacklist

Gosto muito do Blacklist e, especialmente, da personagem do Raymond. 
Estava, ontem, a ver o episódio que gravei e a pensar nisto: o que haverá de comum entre o Raymond, o House e o Mr. Reese, por exemplo. Aparentemente, muito pouco.

Então, o episódio de ontem:
o Raymond - por motivos que ainda não são claros ou que ainda não percebi mas que nada têm de romântico - tem uma ligação muito forte com a Agente Keen e no episódio passado, depois de a ter ajudado a fugir, contou-lhe que quando era miúdo desejava vir a ser capitão de um navio. E disse-lhe que achava que nunca tinha partilhado isso com ninguém.
É sabido que dou muita importância à raridade do que se partilha, muito mais do que o peso do que é partilhado. No fundo, é irrelevante e de nenhuma importância dizer-se o que se queria ser quando se crescesse por ser inócuo e nada comprometedor mas quando nunca se disse o relevo é todo.

Depois (estavam num navio), olhou para o céu e disse-lhe, apontando, que aquela é a estrela polar, a estrela que ajudava os marinheiros a chegar a casa. Quando olho para ti é isso que vejo, o caminho para casa.

O Raymond, o House e o Mr. Reese têm pouco em comum mas têm isto: todos são avessos a partilha por coisa alguma, todos fazem o que acham que têm de fazer quando têm de fazer e todos seguem um código de conduta muito próprio que apesar de parecer não existir é extremamente rígido...só que as pessoas normais não entendem um código de conduta com o qual não se identificam e, por isso, confundem isso com ausência de código de conduta.

Têm, ainda, uma outra coisa em comum que os tornam anti-heróis românticos: todos eles quando se apegam ou apegaram não o fizeram um bocado. Todos eles gostam de pouca gente porque, parece-me, não têm tempo nem espaço para gostar de muitas; todos eles são auto-suficientes mas não o desejam, é visto como uma inevitabilidade mas não uma vontade ou um projecto.

Eu sei, eu sei... parece que estou a falar de mim. Não necessariamente porque vocês me conheçam mas porque, como bom egocêntrico, gosto daquilo com que me identifico.
Não estarão errados por completo mas não me identifico, em pleno, com personagens fictícias.
É verdade que encontro pontos de comunhão mas contrariamente aos que descrevi (bem...o House nem tanto...), não acho que tudo valha a pena sofrer e sacrificar por coisa nenhuma.

...e se forem como todos os outros, pensarão que penso em sacrifícios que claros e óbvios, visíveis, palpáveis, clássicos, claros...mas não. O normal não representa um sacrifício, para mim.
Não posso acordar e não gostar do que vejo ao espelho.
Ah, K, todos somos assim!! Não, gente, não somos. Todos dizem este tipo de coisas mas o que lhes interessa, acima de tudo, é o que os outros vêm e não que vemos. Se os outros não sabem, não existe! mas a coisa, para mim, funciona pouco desta forma.

Os únicos momentos em que o que acham de mim me interessa é quando concordo com o que quer que achem.
Se me acharem burro e eu me sentir burro, chateia-me muito...
Se me acharem burro mas eu não me sentir burro, chateia-me nada.

E a finalizar, aquilo que considero etéreo.
Dou muito valor às palavras e ao que elas significam mas casos há em que me interessam menos.
Isto embala-me e eu gosto de ser embalado, quando deixo.

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