Wednesday, March 09, 2016

Paredes Que Apertam

O assunto nem sequer é este mas queria deixar isto: é comum ouvir-me dizer que não gosto de gatos mas não é exactamente isso que ocorre.
Acho os gastos animais admiráveis e, enquanto animais, superiores aos cães. O que acontece é que me faz confusão aquilo que transcreverei da minha amiga que os tem: Eu acho que ela só me tolera porque lhe dou de comer.
A estes como a outros animais - em grande medida faço o mesmo com crianças e, um bocado, com adultos - não os massacro porque não preciso que me aprovem. Se querem chegar-se, cheguem-se; se não querem chegar-se, não se cheguem.

Por que motivo comecei eu com gatos?
Ela tem 2 gatas e achava que não gostava de gatos quando a verdade é como comecei este texto, coisa que expliquei.
Fui avisado que uma delas era anti-social e tal (coisa que presumo em relação a todos) mas o que aconteceu é que andou muito à minha volta.
Cool, certo? Ela, a dona, haveria de ficar contente por me dar com a gata e a gata comigo, certo?
Bem, não foi a vibração que recebi e algum tempo depois disse-o: pá, tenho a impressão que te incomoda que a gata tenha andado bastante à minha volta e porque as pessoas tendem a demorar para reconhecer coisas que, na sua cabeça, farão delas menos do que aquilo que acham que devem ser, negou.
Ontem, porque não convencido, o assunto voltou e, a custo, o que se terá dado foram ciúmes das gatas me darem demasiada atenção.

Ora, não tenho motivos para achar que o caso foi outro...mas achei que o caso foi outro e não estou plenamente convencido...e começa o que realmente interessa mesmo que não tenha sido o que aconteceu mas apenas o que imaginei.

As pessoas têm medo de muitas coisas e eu também sou pessoa.
O que achei ter acontecido:
Eu sou muito espaçoso.
Para quem me conhece de viés a ideia é que sou despreocupado e que prezo muito a minha independência, algo que corresponde à verdade mas não em todos os quadrantes. Quadrantes há em que nada não me diz respeito; quadrantes há em que sou (ou tento ser) omnipresente e isso, mesmo quando se deseja ou se quer, assusta um bocado.

A sensação com que fiquei foi: foda-se...mas nem as minhas gatas escapam? Nem a idiota que não gosta de ninguém e que ignora toda a gente se atraca a ele? O que irá sobrar? Irá sobrar alguma coisa?!

É justo, compreendo.
As pessoas têm medo de muitas coisas e eu também sou pessoa mas disto não tenho medo nenhum. Aliás, acolho-o.
Não gosto de meio de nada e não quero meio de nada.
Além de assim ser, a minha personalidade está (mal) moldada de maneira a ter botões de segurança. O meu temperamento permite-me não ter medo de ver a minha vida preenchida por outra pessoa porque se me sentir sobre ameaça há sempre uma arma nuclear pronta.

Eu sei que muitos dizem mas poucos fazem ou, sequer, querem mas nisso não sou igual: não quero partes privadas (estou a ser metafórico porque excluo cenas como estar na casa de banho ao mesmo tempo caso não seja para...tomar banho) e não quero fazer e ser noutros lugares o que achar que não faço ou não sou noutros.

As pessoas têm medo de muitas coisas e eu também sou pessoa.
Os meus medos são só outros e, como tudo o resto que reveste as minhas células, pouco comedidos.

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