Wednesday, June 15, 2016

A Selecção

Antes de dizer o que tenho a dizer, deixem que comece com isto: não sofro com a Selecção Nacional.
Eu sei que será uma coisa mesquinha, pouco sofisticada e bairrista mas em futebol só sofro com o Porto. Quero que a Selecção ganhe mas é uma coisa distante e nada arrepiante.

Pronto.

Anda-se há dias a dizer que temos hipóteses de ganhar o Europeu, o que é estúpido. 
Haverá sempre um mentecapto ou outro que dirá tudo é possível (e é, incluindo uma desinteria generalizada em todos os adversários) e ah, a Dinamarca veio da praia para vencer o Europeu!!! (e foi, uma vez em não sei quantas décadas). A este mentecapto: és estúpido.
O pior é que esta ideia vem desde a cúpula e tem o condão de nos tratar como...estúpidos!

Primeiro: lamentavelmente, acho que se não ganhámos em 2004 não ganharemos mais no meu tempo de vida;
Segundo: não temos uma má Selecção mas teríamos de ter jogadores manifestamente melhores (como tivemos entre, vá, 1996 e 2004) para compensar a falta de pedigree (sim, é importante a mentalidade que se sobrepõe aos jogadores, como a mais ou menos reles Itália ensinou à soberba Bélgica);
Terceiro: a falta de pedigree está acompanhada ou é provinda de uma mentalidade que não é de vencedores, apesar do que quer que se diga da boca para fora.

Somos tratados como idiotas a este ponto:
quando questionado sobre a ausência de um ponta de lança, o Seleccionador disse que se um ponta de lança se mede pelos golos, temos o melhor do Mundo...pois...só que o CR precisa de um Benzema, Benzema que é...ponta de lança. Sozinho, naquela posição, o CR vale muito menos porque não é capaz do trabalho necessário, precisa de um gajo lá para lhe permitir fazer o seu jogo.
Não tem, em Portugal; em Portugal, não será o melhor avançado do Mundo.

Depois do choque de realidade de ontem, o problema não foi a hiperbolização do valor e do vencer. Não. O problema foi que a Islândia se meteu no buraco e que a Islândia fez anti-jogo e que a Islândia jogou com 11.
Reparem:
vencer o Europeu (coisa que nunca se viu), é perfeitamente alcançável;
vencer uma equipa que teve o seu primeiro jogo numa competição deste tipo, que é composta de mancos, que anunciou como ia jogar e que não o podia fazer de outra maneira...é imprevisível!

Uma palavra para o CR.
Não sou particularmente aficionado ao CR mas reconheço-lhe um sem número de virtudes...sendo que uma delas não é de líder.

O CR é, obviamente, o melhor jogador português e, ainda que menos obviamente, o melhor jogador português de sempre, na minha opinião.
É inevitável que com um jogador como ele na equipa, tudo na táctica ande à sua volta.
MAS
características de líder, nem uma.
Ontem, mais uma vez, como uma criança mimada, andava irritadinho e resmungão porque as coisas não corriam de feição.
Quando a intempérie aperta, o CR não é o homem do leme, o CR é a âncora.

Em seu benefício, há que dizer que deve ser fodido estar habituado a ser rodeado de craques e passar a confraternizar com, vá, pouca carne de primeira, alguma de segunda e outra de terceira.
Deve ser fodido mas é o que é...

Nem mentalidade.
Nem jogadores.
Nem capitão.
Eventualmente, nem treinador mas, neste caso, parece-me ser de somenos.

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