3 Coisas
I Eu + 6
Fui convidado para jantar com as minhas duas amigas e no dia em que o jantar ia ocorrer descobri que ia mais gente.
Fosse o jantar num restaurante e teria desmarcado a minha presença; sendo o jantar em casa de uma delas...tive de ir.
Então,
o jantar consistiu de seis gajas e eu.
Conheço-as há muito e ainda assim não iria, como disse antes e não iria porque ando a ter más experiências com reencontros com pessoas com quem me dava bem.
Os meus amigos envelheceram. Agora são adultos. Agora são chatos.
Estes encontros têm sido mais uma manifestação daquilo que nos separou do que daquilo que ainda nos unirá. Eu tenho uma profissão e um emprego porque preciso tanto em termos económicos como em termos de preenchimento de tempo mas o meu emprego e a minha profissão constituem uma ínfima parte das coisas que me interessam. Tão ínfima que falo pouco de qualquer uma dessas coisas.
Nesta altura, podem pensar ah, K, chateia-te andarem a falar dos filhos e dessas coisas porque não tens e estarão enganados; a conversa dos filhos não me chateia (muito). O pior são as perspectivas profissionais e o construir de CVs e networkink e esse tipo de merdas.
(divaguei. Vou voltar)
Elas não envelheceram para chatas. A coisa foi muito mais divertida do que imaginei tendo chegado, quase, a ser muito divertida em termos gerais.
Uns dias depois, uma das minhas duas amigas contou-me que a minha outra amiga não andava muito contente com uma das mulheres que lá estava (que foi muito minha amiga num determinado período mas que não via há mais de 5 anos) porque ela afastou-se...
Respondi-lhe que o pessoal dá-se imenso crédito. As coisas mudam, as pessoas afastam-se e ninguém tem tanto valor como imagina.
Ela disse-me que as pessoas não valem todos o mesmo na vida uns dos outros e eu concordei, por ser verdade, mas...o pessoal afasta-se por um qualquer motivo e, de vez em quando, é melhor deixar que assim seja.
Olho à volta e, pensando muito rapidamente nisso, não sinto falta de ninguém e neste ninguém contabilizo gente de quem, de facto, gosto.
Não é que deseje mal a quem se afasta, bem pelo contrário...mas não está cá, é o que é.
II Era Evidente
Se estivermos atentos, conseguimos ver onde fazemos cócegas sem nos mexermos mas temos, também, de estar muito atentos para não imaginar as risadinhas.
Há por aqui uma recente que me parece, desde que me pousou os olhos, que me acha graça.
Não quero dizer que me queira sacar nem que esteja apaixonada nem que vá fazer alguma coisa...acha-me graça e isso só tem mais graça porque eu não devo fazer o tipo dela porque não faço o tipo de ninguém.
Os dias foram passando e eu fiquei, como sempre, quieto. Aliás, mais do que quieto porque, normalmente, digo uma piadas e tal mas neste caso não será boa ideia tanto porque não quero alimentar o que me parece como porque...bem, não posso alimentar.
Então, depois de ter reparado que ela fica como um gato a preparar-se para atacar a presa sempre que me levanto para fumar, por estes dias disse-me posso ir fumar contigo? Acedi porque não sou indelicado e por falta de motivo para recusar.
Confirma-se. Tinha razão.
Tem sempre graça e never gets old.
III A Importância
Outro dia, numa das séries que acompanho (era o House, claro!) houve uma personagem que disse que os relacionamentos duram pouco quando (ou porque) as pessoas quando estão na fase de enamoramento fingem ser quem não são e, depois, revelam-se porque o tempo revela tudo.
Não sei se concordo em pleno e só tenho dúvidas porque não me parece ser o único motivo. É, contudo, um motivo fortíssimo.
Acho que é um problema generalizado.
Hoje, andam meia dúzia em alvoroço para bem receber uma pessoa nova.
Parece-me mal? Não, o facto não me parece mal.
O que está, de facto, a acontecer era uma outra coisa: quem recebe está a fingir que se interessa e, mais do que fingir que se interessa, está a tentar transmitir domínio porque, obviamente, quem recebe é o dono ou a dona da casa.
Fico feliz.
Deixam-me me paz porque este jogo de merda não me interessa.
Não recebo ninguém para me valorizar mas apenas porque acho que esse qualquer ninguém deve sentir-se estrangeiro.
Depois, os gurus dos RHs e esse tipo de coisas maravilhosas que servem mais de embrulho do que de presente, parecem muito preocupados com a impressão o que, para mim, é sempre esquisito...
Faz sentido estarmos muito preocupados com a impressão para coisas rápidas e de resolução em igual hiato temporal mas, no longo curdo, não direi que a impressão é irrelevante mas empalidecerá quando confrontada com a realidade do dia-a-dia.
Ah, K, tu és anti-social.
- Nop. Eu sou anti-hipocrisia.
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